Moraes a Cid: "É normal ministro entregar dinheiro em caixa de vinho">O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou ao tenente-coronel Mauro Cid, durante o interrogatório do réu, se era normal ministro entregar dinheiro em caixa de vinho.
Cid respondia a questões realizada pela defesa do também réu Walter Souza Braga Netto e logo após respondeu a pergunta de Moraes.
"O senhor acha normal um ministro entregar dinheiro dentro de uma caixa de vinho para manifestantes", perguntou o ministro.
"Normal não seria, mas no contexto dos manifestantes, eu não vi ali naquele momento de hipótese criminal", disse o tenente-coronel.
Mauro Cid ainda confirmou que recebeu uma certa quantia do general Braga Netto e entregou o valor ao Major de Oliveira, um "kid preto".
"Eu recebi do general Braga Netto, no Palácio do Alvorada. Tava como se fosse em uma caixa de vinho. E, se bobear, no mesmo dia, eu ei pro Major de Oliveira", disse o réu durante o interrogatório.
O valor teria sido destinado para manter os acampamentos de manifestantes que não aceitavam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022.
Interrogatório dos réus
O STF começou a realizar, nesta segunda (9), os interrogatórios dos réus do chamado "núcleo crucial" da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. Ao todo, serão ouvidos oito réus:
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022.
A Primeira Turma do STF reservou os cinco dias desta semana para os interrogatórios.