Não cabe recurso à decisão da Suprema Corte do país. Entretanto, a defesa pode pedir prisão domiciliar por ela ter mais de 70 anos.
Saiba mais sobre a vida pessoal e política de Cristina Kirchner na matéria abaixo.
Cristina Fernández de Kirchner nasceu em 19 de fevereiro de 1953, na cidade de La Plata, capital da província de Buenos Aires
Ela cursou direito na Universidade Nacional de La Plata, onde começou a militância política na Juventude Universitária Peronista.
O movimento peronista surgiu em torno do ex-presidente Juan Domingo Perón e se baseava, segundo seus próprios slogans, na justiça social, na soberania política e na independência econômica.
Em 1974, Cristina conheceu Néstor Kirchner, com quem viria a se casar em 1975. Eles tiveram dois filhos, Máximo e Florência.
Após o golpe de Estado que instaurou uma violenta ditadura na Argentina, em 1976, Crisina e Néstor se mudaram para a província de Santa Cruz, onde atuaram como advogados.
Após o retorno da democracia em 1983, Cristina e o marido retornaram à ativa filiação ao Partido Justicialista.
Cristina Kirchner foi eleita deputada da província de Santa Cruz em 1989, conquistando reeleição em 1993 e 1995.
Em 1994, Cristina representou Santa Cruz na Convenção Constitucional que reformou a Constituição Argentina.
Em 1995, foi eleita pela primeira vez senadora. Em 1997, ela renunciou ao cargo de senadora para ser eleita deputada nacional.
Em 2001, foi eleita senadora novamente, sempre pela mesma província.
Como parlamentar, Cristina ficou conhecida pela defesa dos direitos humanos e de políticas de diminuição de desigualdades.
Em 2003, Néstor foi eleito presidente da Argentina, e Cristina se tornou a primeira-dama do país.
Enquanto o marido governava a nação, ela decidiu voltar ao Senado, em 2005, agora pela província de Buenos Aires.
Ao fim do mandato como presidente, Néstor abriu mão de tentar a reeleição, deixando espaço para que a esposa concorresse ao cargo.
Cristina Kirchner foi eleita presidente da Argentina em 2007 pela Frente para la Victoria (Frente Pela Vitória), com 45,29% dos votos. O marido continuou como uma pessoa influente na Presidência, sobretudo na área econômica.
A istração de Cristina promoveu o Auxílio-Criança Universal, uma controversa Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual e o casamento igualitário, entre outras medidas.
Também reestatizou a Aerolíneas Argentinas, uma histórica companhia aérea estatal que havia sido privatizada na década anterior, e nacionalizou fundos de aposentadoria privados, incorporando-os à istração Nacional da Seguridade Social (ANSES).
Porém, Cristina Kirchner enfrentou duas grandes crises durante o primeiro mandato: a primeira, em 2008, dos setores agrícolas, que protagonizaram uma série de protestos e greves em resposta ao aumento das tarifas de exportação.
A segunda foi desencadeada pela crise financeira internacional iniciada naquele mesmo ano.
Com Cristina na Presidência, os argentinos estreitaram seus laços com o Mercosul. Ela manteve uma boa relação com o Brasil, governado no período por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, depois, por Dilma Rousseff (PT).
A morte de Néstor Kirchner, em 2010, por parada cardíaca, abalou o governo argentino e a então presidente.
"É a maior dor que já senti na minha vida. É a perda de alguém que foi meu companheiro por 35 anos. Um companheiro de vida, de luta, de ideais. Uma parte de mim foi com ele; está em Río Gallegos", disse Cristina em rede nacional à época.
Em 2011, Cristina Kirchner foi reeleita com 54,11% dos votos, o melhor desempenho até então por qualquer candidato desde o retorno da democracia em 1983..
Em seu segundo mandato, ela teve que lidar com a estagnação da economia, que não conseguiu superar seu pico em 2011.
Isso, juntamente com os efeitos da Grande Recessão global iniciada em 2008, impactou a capacidade do governo de redistribuir receitas.
Uma das principais consequências foi o alto déficit nas contas públicas, impulsionado por gastos elevados com assistência social e alimentado por nacionalizações e subsídios à energia, sustentada, em parte, pela emissão de moeda.
Durante esses anos, a inflação e a pobreza começaram a aumentar e continuam sendo dois dos principais problemas na Argentina.
O segundo mandato de Cristina Kirchner como presidente também é lembrado por uma série de protestos, o maior deles ocorrido em 12 de novembro de 2012, devido, entre outros fatores, às restrições à importação e à compra de dólares e à nacionalização da empresa Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF).
Os argentinos também protestavam por um conflito com fundos de capital de risco, também conhecidos como fundos abutre, que levaram a uma inadimplência seletiva e aumentaram os obstáculos ao o a crédito nos mercados internacionais.
Ao fim do seu segundo mandato, em 2015, Cristina lançou Daniel Scioli como candidato, que foi derrotado por Mauricio Macri.
Após deixar o comando da Argentina, Cristina decidiu se manter na política. Em 2017, foi eleita ao Senado mais uma vez pela província de Buenos Aires.
Durante esses anos, ela também enfrentou uma série de investigações judiciais por corrupção — principalmente o caso "estradas" e os supostos cadernos de corrupção — acusações que ela negou.
Em maio de 2019, iniciou-se o primeiro julgamento oral contra a ex-presidente no caso "estradas".
No mesmo ano, Alberto Fernández e Cristina Kirchner lançaram uma chapa para as eleições presidenciais, reunindo diversos setores da esquerda argentina.
Além disso, a então senadora publicou seu livro de memórias, "Atenciosamente", e sua promoção tornou-se parte de sua campanha.
A eleição terminou no primeiro turno, com a vitória de Fernández e Cristina, que ocupou a vice-presidência.
O novo governo teve que lidar com a pandemia de Covid-19 e seu severo impacto na economia argentina, que já sofria com uma recessão desde a presidência anterior.
O partido Frente de Todos começou a mostrar sinais de tensão e desintegração no final de 2021, com renúncias significativas e mudanças de gabinete após uma pesada derrota nas eleições legislativas daquele ano.
No dia 1° de setembro de 2022, Cristina Kirchner sofreu um atentado em frente à casa dela em Buenos Aires.
Na ocasião, o brasileiro Fernando Sabag Montiel tentou disparar contra a ex-presidente, mas a arma falhou. Ele foi detido em seguida.
De acordo com o próprio brasileiro, ele agiu sozinho e quis matar Kirchner "por causa da situação do país".