Localizado na região central do país, a cerca de 361 quilômetros de Oslo, capital da Noruega, o Vale de Hessdalen é conhecido mundialmente por ser palco de um fenômeno enigmático: luzes brilhantes que surgem no céu sem causa aparente. Mas será que não existe explicação mesmo?
A ocorrência de fenômenos luminosos não é exclusividade de Hassdalen. Registros do tipo foram observados em locais como Marfa (Texas, EUA), Silver Cliff (Colorado, EUA), Paasselkä (Finlândia) e Queensland (Austrália).
No caso de Hassdalen, o primeiro levantamento científico sobre o fenômeno foi conduzido em 2004, por Massimo Teodorani. Nos últimos 10 anos, pelo menos 600 mil fotos foram tiradas pela Østfold University College.
Com essas pesquisas, junto a observações visuais, características como cores, formas e duração são bem conhecidas. Assim, a maioria das luzes de Hessdalen:
Os desafio para entender a real origem do fenômeno são inúmeras: a começar por descobrir se é um fenômeno natural ou se são luzes geradas pela atividade humana.
Outra dificuldade são as condições extremas do local. O Vale de Hessdalen é remoto, pouco habitado e sujeito a invernos rigorosos. As temperaturas podem cair abaixo de -30 °C e os ventos chegam até 190 km/h.
Isso impõem desafios logísticos para a realização de experimentos e a manutenção de equipamentos científicos.
Mas é justamente nesse terreno isolado que pode estar uma das chaves para compreender o mistério.
Estudos geológicos revelaram que o vale está assentado sobre uma complexa composição de rochas como gabro, anfibolito e xistos micáceos, com presença de grafite e sulfetos disseminados que conferem um aspecto enferrujado às superfícies rochosas.
A porção oriental do vale abriga ainda formações de filito, enquanto um grande corpo de gabro se estende sob o lago Øyungen, alcançando cerca de 45 km² de área.
Entre as diversas teorias têm sido propostas para explicar a origem das luzes, uma aponta para as formações minerais ricas condutoras de eletricidade que podem servir como canais para correntes elétricas transientes que escapam da crosta terrestre em direção à atmosfera.
Outra linha de estudo buscou associar as luzes à atividade sísmica, levantando a hipótese de que tensões tectônicas possam liberar cargas elétricas em rochas. Essas cargas, ao interagir com o ar atmosférico, poderiam ionizá-lo e produzir as luzes.
No entanto, como a atividade sísmica em Hessdalen é mínima, essa explicação foi parcialmente descartada.
Desde 1983, um grupo multidisciplinar conduz o chamado Projeto Hessdalen, dedicado exclusivamente ao monitoramento e análise científica do fenômeno.
Ao longo dos anos, acampamentos científicos para estudantes foram organizados, assim como conferências internacionais. O projeto recebeu apoio de instituições como o Exército norueguês, que colaborou entre 1983 e 1985.
Desde 2023, o Projeto Hessdalen foi formalmente registrado como uma organização sem fins lucrativos, o que reforça seu compromisso com a ciência e a transparência.
Apesar de décadas de investigação e inúmeros dados coletados, a origem exata das luzes de Hessdalen ainda é desconhecida. O fenômeno continua a intrigar cientistas, inspirar teorias e atrair visitantes de todo o mundo.