Historiadores britânicos conseguiram verificar a autenticidade verdadeira do documento depois que um acadêmico se deparou com o item enquanto pesquisava nos arquivos online da Faculdade de Direito de Harvard.

Leia mais

"Eu estava apenas trabalhando em casa... procurando por cópias não oficiais da Magna Carta e encontrando várias delas", disse David Carpenter, professor de história medieval do King's College London, à CNN relembrando o momento da descoberta.

"Finalmente cheguei ao manuscrito número 172 da Faculdade de Direito de Harvard, cliquei nele, esperando ver um livro de estatutos. E o que vi... foi um original da Magna Carta de 1300", disse Carpenter.

Chocado com sua descoberta, o acadêmico disse que rapidamente contatou Nicholas Vincent, professor de história medieval da Universidade de East Anglia e também especialista em Magna Carta.

"Eu disse, 'isso é o que eu penso que é?' E ele disse, 'sim, eu também acho que é'", relembrou Carpenter.

A Magna Carta (Grande Carta) é frequentemente considerada a primeira declaração dos direitos humanos, creditada por consagrar os direitos do homem na lei inglesa. De acordo com o site do Parlamento do Reino Unido, a carta foi a primeira "a colocar por escrito o princípio de que o rei e seu governo não estavam acima da lei".

Hoje, ela é reverenciada em todo o mundo como o documento que estabeleceu o princípio de que todos - incluindo o monarca - estavam sujeitos ao estado de direito.

"Ele (o rei) não podia simplesmente dizer 'cortem sua cabeça, para a prisão, estou confiscando sua propriedade.' Se ele quisesse agir contra você, tinha que fazê-lo por devido processo legal", explicou Carpenter.

Os acadêmicos acreditam que o documento de Harvard é um dos apenas sete exemplares da edição de 1300 da Magna Carta do rei Eduardo I que ainda sobrevivem.

Amanda Watson, diretora assistente de serviços bibliotecários da Faculdade de Direito de Harvard, parabenizou o trabalho dos acadêmicos britânicos por sua "fantástica descoberta". Ela acrescentou que a nova pesquisa "exemplifica o que acontece quando coleções magníficas, como a da Biblioteca de Direito de Harvard, são abertas a estudiosos brilhantes".

A Biblioteca da Faculdade de Direito de Harvard comprou o documento em 1946 em um leilão dos livreiros londrinos Sweet & Maxwell, conforme seu registro de aquisição. O catálogo do leilão descrevia o manuscrito como uma "cópia... feita em 1327... um pouco desgastada e manchada por umidade", disse um comunicado à imprensa anunciando a descoberta.

Os livreiros londrinos só o possuíram por um curto período, tendo-o comprado do Vice-Marechal do Ar Maynard, piloto da Primeira Guerra Mundial, que o herdou de dois importantes ativistas contra o tráfico de escravos.

"A procedência deste documento é simplesmente fantástica", disse Vincent no comunicado à imprensa. "Dado onde está, dados os problemas atuais sobre liberdades, sobre o sentido da tradição constitucional na América, você não poderia inventar uma procedência mais maravilhosa do que esta".

Vários sinais reveladores inicialmente denunciaram a autenticidade do documento, disse Carpenter, incluindo o estilo da caligrafia e o grande "E" no início da primeira linha - que significa "Edwardus".

As dimensões do documento de 48,9 centímetros por 47,3 centímetros também eram consistentes com aquelas encontradas nos seis originais previamente conhecidos. Posteriormente, imagens ultravioleta e outras imagens fornecidas pela Faculdade de Direito de Harvard foram usadas para "combinar" o texto do novo documento com os outros originais, disse Carpenter.

Ambos os acadêmicos devem visitar Harvard em junho para uma celebração que marcará a descoberta do documento medieval. Depois disso, Carpenter acredita que ele será exposto ao público como "uma das joias da coroa" da coleção de Harvard.

Esse conteúdo foi publicado originalmente em
InternacionalVer original 
Tópicos
Harvard Law School