Apesar de grande parte dos produtos industrializados ser ultraprocessados, nem todos os alimentos produzidos em fábricas am por todas essas etapas de processamento ou possuem aditivos químicos.
"O número de ingredientes, por si só, não define se um alimento é ultraprocessado. O importante é a qualidade dos ingredientes", afirma Verônica Dias, nutricionista integrativa e farmacêutica do Instituto Nutrindo Ideais, de Niterói, no Rio de Janeiro.
"Alimentos minimamente processados podem ter mais de três ingredientes, desde que sejam naturais ou derivados diretamente de alimentos naturais, sem aditivos artificiais", acrescenta.
Para reconhecer um alimento ultraprocessado, a melhor maneira é ler a lista de ingredientes no rótulo do produto.
"Se a lista de ingredientes contiver muitos itens químicos ou pouco reconhecíveis, é provável que seja ultraprocessada. Outra dica é, quanto o produto tem uma lista enorme de ingredientes, devemos desconfiar", orienta Dias.
Alguns exemplos de características presentes em um alimento industrializado são:
Já um alimento industrializado não é considerado ultraprocessado, segundo a nutricionista, se:
"Por exemplo, um pão integral feito apenas com farinha integral, água, fermento e sal é processado, mas não ultraprocessado, mesmo contendo mais de três ingredientes. Já um pão com conservantes, aromatizantes e estabilizantes é considerado ultraprocessado", explica Dias.
Existem diversos alimentos industrializados que, embora tenham ado algum tipo de processamento, não são considerados ultraprocessados, pois preservam ingredientes naturais e não contêm aditivos artificiais.
"Esses alimentos podem ser consumidos com moderação e fazer parte de dietas equilibradas", afirma Dias. De acordo com a especialista, são eles:
"Esses alimentos são boas opções para dietas, pois preservam o valor nutricional e evitam os riscos associados ao consumo de ultraprocessados. É a melhor maneira de verificar isso é lendo o rótulo para garantir que não há aditivos ou ingredientes desnecessários", orienta Dias.
O consumo de alimentos ultraprocessados traz diversos riscos à saúde. Segundo a nutricionista, entre eles está a maior probabilidade de doenças metabólicas e obesidade, doenças cardiovasculares, inflamação crônica e alterações na microbiota intestinal.
A especialista explica que isso acontece porque são alimentos com alta densidade calórica, excesso de sódio e gorduras saturadas e com baixo teor de fibras. Além disso, alguns estudos sugerem que o consumo desse tipo de alimento pode aumentar o risco de câncer, "especialmente de mama, cólon e reto, devido à presença de compostos como nitritos, nitratos e acrilamida", segundo Dias.
Recentemente, um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que o Brasil gasta, por ano, pelo menos R$ 10,4 bilhões com as consequências do consumo de alimentos ultraprocessados para a saúde da população. São despesas diretas com tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), custos por aposentadoria precoce e licença médica.
O trabalho considerou os gastos federais com as três doenças crônicas mais prevalentes e atribuíveis ao consumo excessivo de produtos ultraprocessados: obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial.
Além disso, o estudo apontou que, somente em 2019, foram cerca de 57 mil mortes prematuras pelo consumo de ultraprocessados, o equivalente a seis mortes por hora ou 156 por dia.