De acordo com um levantamento realizado pela CNN, quatro estados enfrentam um cenário de epidemia ou surto da doença: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rondônia e Rio Grande do Norte. Outros dois, Rio Grande do Sul e Amazonas, estão em alerta.

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O vírus Influenza, causador da doença, tem uma característica sazonal: ele circula durante o ano todo, nas diversas regiões do mundo, com predomínio nos meses do outono e inverno. Em entrevista à CNN neste sábado (18), o pesquisador Fernando Motta, virologista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) afirmou que a baixa cobertura vacinal contra a gripe contribui para o aumento de casos da doença no país.

"Nesse ano, infelizmente por causa de vários fatores, tivemos uma pequena adesão à campanha de vacinação da gripe. Tivemos um quantitativo de pessoas que tomou menos esse reforço. O vírus parou de circular no Brasil e no mundo inteiro durante praticamente um ano. Isso faz com que a gente acabe ficando um pouco mais suscetível", afirmou Motta.

Em nota enviada à CNN, o Ministério da Saúde afirmou que em 2021 foram aplicadas cerca de 67,9 milhões de doses da vacina contra a gripe em todo o país. Esse quantitativo representa uma cobertura vacinal de 71,2%, considerando o público-alvo da campanha.

Além da baixa cobertura vacinal, o aumento dos casos durante o mês de dezembro pode estar associado à flexibilização das medidas de restrição adotadas como prevenção à Covid-19 e ao relaxamento da etiqueta respiratória, que inclui o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social.

"A ferramenta mais importante é concentrar que essa transmissão siga adiante e, logicamente, cuidar daquelas pessoas que têm comorbidades e aquelas pessoas que são mais suscetíveis à doença grave", disse Motta.

Alta transmissão amplia capacidade de mutações

Os vírus do tipo Influenza possuem uma capacidade de mutação ainda maior do que o novo coronavírus. O pesquisador da Fiocruz, Fernando Motta, afirma que reduzir a transmissão do vírus neste momento é fundamental para frear o ritmo de mutações virais que ganham impulso com a alta de infecções.

Ao infectar uma pessoa, o vírus da gripe a a criar inúmeras cópias de si mesmo no organismo. Segundo o virologista, é justamente neste processo de replicação que surgem as mutações virais. Assim, quanto mais indivíduos forem infectados, maiores as chances do aparecimento de novas versões do vírus Influenza.

"O vírus evolui à medida que ele vai contaminando as pessoas e vai se replicando. Neste momento em que não esperaríamos que o vírus estivesse se replicando, temos que evitar o máximo possível a propagação das transmissões. Se tivermos uma grande quantidade de vírus replicando em muitos lugares no país, estamos acelerando esse motor de aumentar a capacidade do vírus de variar e se diferenciar", explica.

Segundo Motta, um dos principais riscos do aumento dos casos e do surgimento de novas variantes é a redução de eficácia das vacinas contra a gripe que serão desenvolvidas no início de 2022.

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