De acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência da depressão ao longo da vida no Brasil é de 15,5%. Entre os fatores de risco estão histórico familiar, transtornos psiquiátricos correlatados, estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, traumas psicológicos, conflitos conjugais, mudança brusca de condições financeiras e desemprego. Além disso, existem evidências que indicam que a doença pode ter causas genéticas.

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"A depressão pode se manifestar de maneiras sutis e variar de pessoa para pessoa, mas, de modo geral, os primeiros sinais envolvem uma mudança persistente no humor", afirma Jacqueline Mazzoni, coordenadora adjunta do curso de psicologia e coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), à CNN. "As pessoas podem começar a se sentir tristes ou vazias, com perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram prazerosas", completa.

De forma geral, os primeiros sinais de depressão podem incluir sintomas como:

Em alguns casos, podem surgir sintomas físicos relacionados à depressão. É o caso de dor de cabeça frequente, dor muscular e articular, problemas digestivos (dor de estômago ou constipação) e fadiga extrema. "Esses sintomas, muitas vezes, são difíceis de associar à depressão e, por isso, podem ar despercebidos ou serem tratados de forma isolada. Por isso, a terapia também desempenha um papel importante, ajudando a pessoa a entender a relação entre seus sintomas físicos e emocionais e a desenvolver formas de lidar com eles", afirma Mazzoni.

"A depressão é um transtorno multifacetado. Apesar de ter um critério de diagnóstico bem definido, as pessoas podem manifestar formas diferentes da depressão em relação aos sintomas e a intensidade deles", reforça Elton Kanomata, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, à CNN.

Sinais de alerta mais graves da depressão

Segundo Kanomata, qualquer sintoma da depressão que seja manifestado de forma mais intensa a a ser um sinal de alerta da maior gravidade da doença. "Um apetite muito grande, ao ponto da pessoa ter um ganho significativo de peso, levando a patologias como diabetes, colesterol alto e gordura no fígado, é um deles. O oposto também, quando a pessoa perde apetite, pula várias refeições e começa a ter um emagrecimento consequente, podendo evoluir, até mesmo, para desnutrição e deficiência vitamínica", exemplifica o especialista.

De forma geral, de acordo com as fontes consultadas, os principais sinais de alerta graves para a depressão incluem:

"A questão da falta de autocuidado também é um sinal de alerta grave e pode ficar bastante comprometido, como deixar de fazer compras para a casa, deixando de realizar a limpeza da casa, além da falta de higiene pessoal, como tomar banho, escovar dente e pentear o cabelo", lista Kanomata. "Eventualmente, pessoas que possuem doenças como hipertensão arterial, entre outras, podem deixar de tomar medicações ou de marcar consultas médicas. Em resumo, a pessoa deixa toda sua vida parada", exemplifica.

Nos quadros graves de depressão, pode acontecer, também, de a pessoa ar a ter ideação suicida, ou seja, pensamentos recorrentes relacionados à própria morte como uma solução para a angústia e a tristeza sentida.

"Os sinais de ideação suicida incluem o aumento do isolamento social, falar sobre morte ou suicídio, procurar meios para se machucar, como armas ou medicamentos, e mudanças drásticas no comportamento, como, repentinamente, se despedir de amigos ou familiares", elenca Mazzoni.

"Outras pistas incluem a falta de esperança em relação ao futuro, falar sobre ser um "fardo" para os outros ou mostrar uma calmaria repentina após um período de depressão, o que pode indicar que a pessoa tomou uma decisão de terminar a vida", completa a coordenadora.

Como procurar e oferecer ajuda

Identificar os sinais de alerta da depressão é o primeiro o para buscar ajuda, seja para um parente ou amigo que esteja ando pela situação, ou para si próprio. Para quem deseja oferecer apoio, o importante é demonstrar empatia e ter escuta ativa às angústias da pessoa, sem julgamentos. Também é fundamental buscar o atendimento psiquiátrica e psicológico -- mesmo quando há recusa em buscar ajuda por parte da pessoa depressiva.

"Lidar com um ente querido que se recusa a buscar ajuda pode ser desafiador, mas é importante abordar a situação com empatia e paciência. Ouvir sem julgar e oferecer apoio emocional contínuo, demonstrando que você está ali para ajudar quando a pessoa estiver pronta, pode fazer a diferença", orienta Mazzoni.

"No entanto, é essencial também respeitar os limites dela. Incentivar a busca por um terapeuta pode ser um o importante, oferecendo alternativas, como consultas iniciais ou até mesmo opções de terapia online, que muitas vezes são mais confortáveis para algumas pessoas", completa.

No caso de pessoas que possuem ideação suicida, é possível buscar centros de referência que possam oferecer acolhimento e apoio emocional à pessoa. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, oferece, gratuitamente, apoio emocional e serviço de prevenção do suicídio para pessoas que querem e precisam conversar, sob sigilo e anonimato.

O atendimento pode ser feito através do telefone 188, disponível 24 horas e sem custo de ligação, pelo chat, e-mail ou pessoalmente, direto nos postos do CVV (consulte o site para mais informações).

Além disso, familiares e amigos devem formar uma rede de apoio para a pessoa com depressão e ideação suicida, conforme orienta Kanomata. "A rede de apoio pode ajudar a garantir que a pessoa seja ajudada, pode acompanhar a pessoa em consultas psiquiátricas e médicas, auxiliá-la nos cuidados da casa e nas práticas de autocuidado. Então, é importante que tenham pessoas nesse momento grave para garantir que o tratamento seja feito de forma regular", afirma.

Sinais de melhora do quadro

Os sinais de que o tratamento contra depressão está surtindo efeito incluem, segundo os especialistas consultados, fatores como:

"A continuidade da psicoterapia é crucial para sustentar essas melhorias, ajudando a pessoa a manter as conquistas e lidar com possíveis recaídas de forma mais saudável", reitera Mazzoni.

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