De acordo com especialistas ouvidas pela CNN, a cafeína tem o potencial de estimular a atividade cerebral, atuando diretamente no sistema nervoso central. "Ela funciona como bloqueador da ação de um neurotransmissor chamado adenosina, o que faz com que você se sinta mais alerta e menos sonolento", explica a nutricionista Ramiele Calmon, mestre em segurança alimentar.
A adenosina é o neurotransmissor responsável por promover o sono e o relaxamento. Por isso, ao bloquear sua ação, a cafeína nos ajuda a ficarmos mais despertos e energizados. Além disso, a bebida também atua na liberação de outros neurotransmissores estimulantes, como é o caso da adrenalina e da dopamina.
"Um dos benefícios mais comuns da cafeína é nos deixar mais alertas e estimular a nossa atenção ao que está ao redor, além de combater o cansaço físico", afirma Vanessa Costa, nutricionista especializada na saúde da mulher e criadora do Método Reset.
"Os benefícios da cafeína podem estar ligados ao aumento de alerta mental. Então, por exemplo, em indivíduos que precisam ficar vigilantes, ela vai melhorar a concentração, a vigilância e a capacidade de resposta", afirma Calmon.
Mas, além de estimular a atividade cerebral e ser responsável por nos dar mais energia, o café possui outros benefícios interessantes para a saúde e que já foram demonstrados em estudos.
Um deles é que o café pode ser uma boa fonte de energia para o pré-treino, melhorando o desempenho físico em diversas atividades. É o que aponta a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva, em posicionamento publicado em 2021. Segundo a entidade, a ingestão de cafeína antes do exercício físico pode aumentar a resistência muscular, a velocidade de movimento e força muscular, além de oferecer maior resistência aeróbica.
Outro benefício observado na cafeína é a sua ação termogênica, o que pode ser interessante para acelerar o metabolismo e auxiliar na queima de gordura, contribuindo para o emagrecimento. Um estudo publicado na revista Scientific Reports, em 2019, mostrou que uma xícara de café pode ajudar na perda de peso.
Além disso, a ingestão de cafeína pode melhorar a habilidade de raciocínio e combater o declínio cognitivo associado ao avanço da idade, conforme explica Costa. Esse benefício foi observado em uma revisão de estudos publicada no Proceedings of National Academy Sciences (PNAS).
Segundo a revisão, os benefícios do café ao cérebro acontecem com o consumo de doses moderadas, entre 100 e 400 miligramas de café por dia, o que equivale de 1 a 5 xícaras.
Para somar, o consumo moderado de café (duas a três xícaras por dia) foi associado a um risco 10% a 15% menor de contrair doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca e problemas de ritmo cardíaco, de acordo com três resumos de pesquisa publicados em 2022.
Apesar de seus benefícios, o consumo em excesso de café pode trazer efeitos colaterais, conforme apontam as especialistas. "O excesso de cafeína pode aumentar a ansiedade e a sensação de nervosismo, além de poder gerar um aumento da compulsão alimentar por liberar adrenalina, sinalizando que o corpo precisa de energia", explica Calmon.
Além disso, beber muito café pode atrapalhar prejudicar a qualidade do sono. "A cafeína permanece no organismo por horas após sua ingestão, sendo capaz de provocar insônia", complementa Costa.
Em pessoas sensíveis à cafeína ou que têm baixa metabolização da substância, o café pode ocasionar, ainda, dor de cabeça, azia, desconforto abdominal e náuseas, além de elevar a frequência cardíaca, aumentar a pressão arterial e ocasionar tremores nas mãos.
"Isso acontece porque a cafeína bloqueia a adenosina, que é o neurotransmissor do relaxamento, podendo acelerar a frequência cardíaca e sendo comumente associada a sensação de ansiedade, taquicardia e, em casos mais graves, depressão", completa a nutricionista.
Em casos raros, o excesso de café pode levar à overdose de cafeína. Essa condição ocorre quando uma pessoa tem níveis perigosamente altos de cafeína no sistema, podendo levar a sintomas graves como dificuldade para respirar e convulsões.
Para a FDA (Food and Drug istration), agência reguladora dos EUA, o limite saudável de café é de 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a quatro ou cinco xícaras de café.
Além disso, a nutricionista Ramiele Calmon recomenda evitar o consumo de café após às 14 horas, para prevenir que a cafeína atrapalhe o sono à noite.
As especialistas também recomendam tomar cuidado com o consumo de outras bebidas que contenham cafeína, além do café. É o caso do chá preto e o chá verde, que possuem efeito estimulante. Assim como o café, seu consumo traz benefícios, desde que seja feito com moderação.