Geralmente, os linfomas aparecem nos gânglios linfáticos, que são popularmente conhecidos como "ínguas". O linfoma não é uma doença única, mas um grupo de doenças que pode ser muito diferente, tanto em relação aos sintomas quanto ao tratamento.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que cerca de 12 mil novos casos de linfoma sejam diagnosticados por ano no Brasil, na maioria em homens. Os sinais de alerta incluem:
Dependendo do tipo de linfoma, detectá-lo cedo pode aumentar as chances de cura. Esses tipos de câncer são mais comuns em duas faixas etárias: entre 15 e 30 anos e acima dos 60 anos. O INCA também estima que ocorra cerca de quatro mil mortes anuais decorrentes da doença.
A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) informa que cerca de 70% das pessoas no mundo não sabem o que são linfomas. Então, vamos falar mais sobre isso! Confira a seguir o que é mito e verdade entre algumas afirmações que vemos sobre esse tema:
Verdadeiro. O linfoma se desenvolve nos linfócitos, que são células de defesa presentes no sistema linfático, incluindo sangue, os gânglios linfáticos, o baço e outros órgãos. No Brasil, é o oitavo tipo de câncer mais comum, afetando cerca de 6 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano. Para o Brasil, a estimativa anual de novos casos de linfoma não Hodgkin (LNH) no triênio de 2023 a 2025 é de 12.040, o que representa um risco de 5,57 casos por 100 mil habitantes.
Desses, 6.420 casos são esperados em homens (risco de 6,08 por 100 mil) e 5.620 em mulheres (risco de 5,08 por 100 mil).
Quanto ao linfoma de Hodgkin (LH), a estimativa anual para o mesmo período é de 3.080 novos casos, correspondendo a um risco de 1,41 caso por 100 mil habitantes, sendo 1.500 casos entre homens (risco de 1,40 por 100 mil) e 1.580 entre mulheres (risco de 1,41 por 100 mil).
Falso. Existem mais de 40 subtipos de linfomas, divididos em duas categorias principais: linfoma de Hodgkin e linfomas não Hodgkin. Embora tenha subtipos, o linfoma de Hodgkin pode ser considerado uma só doença, enquanto linfoma não Hodgkin engloba um conjunto de linfomas bastante diferentes entre si, com abordagens diagnósticas e tratamentos bastante diversos.
Falso. Embora o inchaço indolor dos gânglios linfáticos seja um sintoma comum, nem todos os pacientes com linfoma apresentam este sintoma. Outros sinais podem incluir cansaço excessivo, febre persistente, suores noturnos intensos e perda de peso sem explicação. No Brasil, muitos diagnósticos acontecem tardiamente porque esses sintomas podem ser confundidos com outras doenças, o que atrasa a procura por atendimento médico.
Verdadeiro. Até por ser um grupo grande de doenças e não um diagnóstico único, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, linfomas não Hodgkin são mais frequentes que o linfoma de Hodgkin. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou um número significativamente maior de mortes causadas por linfomas não Hodgkin. Os tipos mais comuns são o linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B, que representa cerca de 30% dos casos, e o linfoma folicular, com aproximadamente 22%. Outros subtipos incluem o linfoma de células do manto e o linfoma de células da zona marginal.
Falso. A faixa etária mais comum de ocorrência dos linfomas varia de acordo com o subtipo. Embora os linfomas não Hodgkin em geral sejam mais comuns em pessoas acima de 60 anos, o linfoma de Hodgkin frequentemente atinge jovens entre 15 e 40 anos. No Brasil, o linfoma de Hodgkin é uma das principais causas de câncer em adolescentes e adultos jovens. Entretanto, é importante lembrar que o linfoma pode afetar pessoas de todas as idades. Ter familiares com linfoma pode aumentar ligeiramente o risco, mas a maioria dos casos ocorre sem uma ligação genética significativa. No Brasil, casos hereditários de linfoma são raros e representam uma pequena parcela do total.
Falso. Exames de sangue podem ou não estar alterados em pacientes com linfoma, mas não são suficientes para o diagnóstico. Para confirmar a doença, em geral são necessários exames de imagem, como tomografias ou PET scans, e uma biópsia do gânglio linfático afetado. Um diagnóstico preciso é fundamental para determinar o tipo de linfoma e definir o melhor tratamento.
Falso. Embora algumas situações possam aumentar o risco de linfomas, como imunossupressão e certas infecções, a maioria das pessoas diagnosticadas com linfoma não apresenta nenhum fator de risco específico. Infecções por vírus como Epstein-Barr (EBV) ou HIV podem elevar a chance de desenvolver linfoma, mas a grande maioria das pessoas com essas infecções não desenvolve a doença.
Verdadeiro. O linfoma de Hodgkin tem altas taxas de cura, acima de 90%, especialmente quando descoberto no início. No Brasil e no mundo, avanços nos tratamentos têm levado a taxas elevadas de remissão e cura mesmo em doenças mais avançadas. Para os linfomas não Hodgkin, as chances de cura variam conforme o subtipo e o estágio da doença. Mesmo nos linfomas atualmente ainda não considerados curáveis, os tratamentos levam a altas taxas de remissão que podem durar muitos anos. O tratamento pode envolver quimioterapia convencional, imunoterapia e terapia celular, dependendo do tipo de linfoma e do estágio. Muitos linfomas não Hodgkin não precisam ser tratados no momento do diagnóstico.
*Texto escrito pelo oncohematologista Dra. Luciana Tomanik Tucunduva (CRM 121.958), coordenadora da residência médica em oncohematologia e transplante de medula óssea do Hospital Sírio-Libanês