A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (13), na revista científica Technology, Mind and Behavior. Nela, os autores procuraram captar uma imagem mais global dos efeitos da internet. "Se as redes sociais, a utilização da internet e dos telemóveis são realmente uma força tão devastadora na nossa sociedade, deveríamos vê-la nesta visão panorâmica [estudo] – mas não o fazemos", argumenta o psicólogo Markus Appel, da universidade de Würzburg, na Alemanha, em artigo publicado na Nature.

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O pesquisador explica que os efeitos negativos da internet estão, normalmente, relacionados ao comportamento nas redes sociais, como cyberbullying, vício em redes sociais e problemas de autoimagem. Além disso, na visão de Andrew Przybylski, investigador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os estudos feitos com a internet até então não foram globais e eram limitados a países de língua inglesa, além de se concentrarem na população jovem.

Portanto, os pesquisadores decidiram fazer um estudo maior e global sobre os efeitos da internet no bem-estar. Para isso, os autores analisaram dados sobre como o o à internet estava relacionado com oito medidas de bem-estar da Gallup World Poll, uma pesquisa conduzida pela empresa de análises Gallup, de Washington, nos Estados Unidos.

Os dados foram recolhidos anualmente entre 2006 a 2021, em 168 países, através de entrevistas telefônicas ou presenciais. Os pesquisadores controlaram fatores que poderiam influenciar nos resultados, como nível de rendimento, situação profissional, nível de educação e problemas de saúde.

O estudo descobriu que, em média, pessoas que tinham o à internet apresentaram pontuações 8% mais elevadas de satisfação com a vida, experiências positivas e contentamento com a sua vida social, em comparação com aquelas que não tinham o à internet. Na visão dos pesquisadores, as atividades online podem ajudar as pessoas a aprenderem coisas novas e fazer amigos, o que pode contribuir para o bem-estar.

Por outro lado, mulheres entre os 15 e os 24 anos que relataram ter utilizado a internet na última semana (em relação a quando responderam a pesquisa) estavam, em média, menos satisfeitas com o local onde viviam, em comparação com as pessoas que não utilizaram a internet. Isso pode estar relacionado ao fato de as pessoas que não se sentem bem-vindas na sua comunidade am mais tempo online, segundo Przybylski.

Apesar dos resultados, mais estudos são necessários para confirmar e fortalecer se as ligações entre o uso da internet existem de fato ou se são meramente associações.

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