O estudo foi conduzido em parceria entre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento e a BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo), além do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). Os resultados foram publicados na The Lancet Regional Health Americas nesta quinta-feira (31).

Chamado de Coalizão V, o ensaio teve início no dia 12 de maio de 2020 e foi finalizado em 7 de julho de 2021, com a participação de 56 centros de pesquisa brasileiros. A iniciativa é responsável por conduzir nove estudos voltados a diferentes populações de pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Para que fosse possível, a análise comparou o uso de hidroxicloroquina com placebo (substância incolor e que não possui efeito no corpo), por meio de randomização (sorteio) de pacientes não hospitalizados com quadros leves ou moderados de Covid-19 em até sete dias do início dos sintomas, com pelo menos um tipo de comorbidade –que aumenta o risco de evoluir para doença grave.

Análise

A aplicação da dose do medicamento ocorreu de 12 em 12 horas com um comprimido de 400 mg no primeiro dia, seguido de 400 mg por dia durante o período total de 7 dias. O objetivo principal era avaliar as taxas de hospitalização devido a complicações da Covid-19 nos pacientes, que foram acompanhados 30 dias após o início do estudo. A pesquisa avaliou 1.372 pacientes e descobriu que não houve diferença significativa na ocorrência de hospitalização comparando os grupos hidroxicloroquina e placebo.

O resultado mostrou que 6,4% dos que utilizaram hidroxicloroquina foram internados por complicações da Covid e 8,3% que receberam placebo. Para concluir a análise, os pesquisadores utilizaram uma coleta de dados que incluiu todos estudos previamente publicados avaliando a hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19 não hospitalizados, incluindo o estudo Cope, o qual demonstrou ausência de benefício significativo do medicamento na redução de hospitalização.

Nas observações dos estudos, 5,6% dos pacientes que utilizaram hidroxicloroquina foram hospitalizados. Já no estudo Cope, 7,4%. Os pesquisadores descobriram também que não houve diferença no número de óbitos ou eventos adversos sérios entre os dois grupos.

Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo Cope não dão e para o uso rotineiro do medicamento para o tratamento de pacientes com Covid-19 que não foram hospitalizados.

A pesquisa contou com apoio da farmacêutica EMS, que forneceu os medicamentos, e foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Sobre a hidroxicloroquina

A hidroxicloroquina é um derivado da cloroquina (medicamento utilizado contra malária) com as mesmas propriedades farmacológicas, mas menos efeitos tóxicos, como explicou à CNN Ana Paula Hermann, professora do departamento de farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O medicamento foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no começo da pandemia.

 

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