Para falar sobre o tema, o "CNN Sinais Vitais - Dr. Kalil Entrevista" deste sábado (6) recebe os endocrinologistas Márcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, e Simão Lottenberg, do Grupo Médico de Assistência de Obesidade, Diabetes e Risco Cardiometabólico do Hospital Albert Einstein. Durante o programa, comandando pelo Dr. Roberto Kalil, os especialistas explicam as principais diferentes entre diabetes tipo 1 e 2.
"No diabetes tipo 1, existe a falta de produção da insulina, que é o hormônio responsável por todo o controle do metabolismo energético. A origem é autoimune: anticorpos atacam as células do pâncreas que produzem insulina e ocorre uma inibição progressiva e total da produção desse hormônio", explica Lottenberg.
Segundo o endocrinologista, o diabetes tipo 1 ocorre fundamentalmente na infância e na adolescência, mas há casos mais raros em que aparece na idade adulta. Já o tipo 2, normalmente, é um efeito secundário de outras condições de saúde, como a obesidade.
"Nela, o indivíduo produz a insulina, mas não o suficiente para exercer todas as suas funções no organismo", esclarece Mancini. "É mais comum no adulto, mas com a epidemia de obesidade, adolescentes estão começando a desenvolver diabetes tipo 2, e que algumas vezes precisa de insulina também", completa.
Além do tipo 1 e 2, existem, ainda, diabetes gestacional e o pré-diabetes. O primeiro caso ocorre na gestação e costuma desaparecer após o parto, mas aumenta o risco de a mulher desenvolver a doença de forma definitiva no futuro. Já o pré-diabetes é um estágio que antecede o diabetes tipo 2 e é caracterizado pelo aumento da glicemia, mas ainda não a ponto de caracterizar a doença.
“São indivíduos que têm maior propensão, que nesta fase já podem ter um aumento do seu risco cardiovascular, e que precisam ser identificados para prevenção da doença”, afirma Lottenberg. Em termos médicos, isso significa que quando a glicose está entre 100 e 125, ou quando a hemoglobina glicada fica entre 5,7 e 6,4 há um quadro de pré-diabetes. Por isso, é tão importante fazer exames regulares, segundo os especialistas.
As diferenças entre o diabetes tipo 1 e 2 também podem ser observadas nos sintomas e nas formas de tratamento. Nos dois casos, há aumento na vontade de urinar e mais sede, por exemplo. Mas enquanto no diabetes tipo 1 eles aparecem de repente, no tipo 2 eles são mais sutis.
“Ele pode não desenvolver sintomas quando está no início. O paciente não percebe que está urinando um pouco a mais, que está com um pouco mais de sede, não é um início abrupto. Por isso que se estima que quase metade dos diabéticos não têm o diagnóstico. Eles são diabéticos e não sabem que têm diabetes", explica Mancini.
Segundo os médicos, os tratamentos variam conforme o tipo e a gravidade, mas o uso de medicamentos como o Ozempic trouxe benefícios. "[As canetas emagrecedoras] ajudam a prevenir as complicações do diabetes, especialmente porque têm um impacto significativo na obesidade”, diz o endocrinologista.
No entanto, os especialistas alertam para o uso indiscriminado desses medicamentos. "A questão é que as pessoas estudadas no tratamento da obesidade tinham entre 100 e 110 quilos, em média. E hoje, pessoas com 60 quilos compram remédio na farmácia para perder 5 quilos", afirma Mancini.
A depender do caso, a cirurgia bariátrica também pode ser indicada, principalmente quando há obesidade associada ao diabetes. No entanto, é importante conscientizar as pessoas de que não há cura para a doença e, sim, controle.
"Um problema que acontece é que a pessoa tem a sua glicose normalizada, entra em remissão e, na cabeça dela, ela não é mais diabética. E, depois de dois ou três anos, se ela não fizer exames periodicamente, ela pode voltar a ter a glicose alterada e não descobrir", afirma Mancini.
O programa CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista vai ao ar no sábado (6), às 19h30, na CNN Brasil.