A nova indicação do osimertinibe é feita para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células em estágio 3 irressecável com mutação EGFR. Essa é a primeira e única terapia-alvo aprovada para o tratamento desse perfil de pacientes no Brasil a proporcionar uma mediana de tempo de vida sem avanço da doença maior que três anos.
O câncer de pulmão de não pequenas células é o tipo mais comum entre os tumores de pulmão, e pode ser dividido em três categorias: o adenocarcinoma (com origem nas células dos alvéolos), escamoso (que começa das células achatadas do pulmão), e o de células grandes. A mutação EGFR acontece geralmente no adenocarcinoma, de acordo com Luiz Henrique de Lima Araújo, oncologista e Head de Oncologia da Dasa Genômica.
"O estágio 3 é o mais complexo para a oncologia torácica, porque não é nem o estágio inicial, que costuma ir direto para a cirurgia, nem o estágio avançado, como o 4, que é quando a doença está espalhada", explica Araújo à CNN. "O estágio 3 irressecável é aquele cujo tumor já está grande e já acometeu os gânglios entre os dois pulmões. É uma localização geográfica ruim e o resultado de cirurgia, nesses casos, é muito ruim", acrescenta.
Segundo o oncologista, tradicionalmente, pacientes com esse perfil de câncer de pulmão são tratados com uma combinação de quimioterapia e radioterapia. "Historicamente, conseguíamos curar cerca de 20% desses pacientes com essa combinação", afirma.
Agora, com a terapia-alvo, os pacientes am a ter uma opção de tratamento direcionada e mais específica, melhorando as taxas de sobrevida (tempo de vida após o diagnóstico), reduzindo o risco de progressão (avanço da doença) e de morte.
"A aprovação supre uma necessidade médica não atendida, visto que pacientes com esse perfil am a ter uma opção de tratamento específica, em um cenário em que não existia terapia direcionada. Suprir essa importante necessidade, com resultados tão expressivos de sobrevida livre de progressão e redução de risco de morte da doença, faz com que o osimertinibe seja o novo padrão de tratamento nesse cenário", comenta Araújo.
O osimertinibe é uma terapia-alvo, ou seja, é um tratamento que ataca, especificamente, as células cancerígenas, preservando as células saudáveis. Nesse caso, a medicação atua desativando as mutações EGFR características desse tipo de câncer, matando as células cancerígenas.
"É como se entrássemos em um quarto com 100 interruptores. Mas ao invés de desligar todos eles, esse medicamento desliga o único interruptor com defeito", explica o oncologista.
O medicamento já era aprovado no Brasil, recomendado como tratamento preferencial pelas diretrizes do National Comprehensive Cancer Network, tanto no tratamento adjuvante em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células, estágio inicial, com mutação de EGFR, como para o tratamento em primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático com mutação de EGFR e para o tratamento em segunda linha para pacientes com a mutação T790M.
A nova aprovação foi baseada no estudo LAURA, que demonstrou ganho significativo na sobrevida livre de progressão da doença.
"Com esta aprovação, a terapia a agora a beneficiar todos os perfis de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células com mutação do EGFR independente do estágio do diagnóstico, seja inicial, localmente avançado ou metastático", afirma Karina Fontão, diretora médica executiva da AstraZeneca Brasil, responsável pelo medicamento.
O medicamento ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). "Reconhecemos que submeter nossas tecnologias à avaliação do SUS é essencial para garantir que esses tratamentos se tornem formalmente disponíveis para a população brasileira. Essas avaliações são conduzidas no momento oportuno, visando conciliar o benefício para os pacientes e a sustentabilidade do sistema de saúde", afirma Marília Gusmão, diretora-executiva de Relações Corporativas da AstraZeneca Brasil, à CNN.
"Nosso objetivo é colaborar com as autoridades para apoiar decisões fundamentadas em evidências, sempre respeitando os processos regulatórios e diretrizes de incorporação estabelecidos pelas políticas públicas de saúde", finaliza.