Segundo a pesquisa, após queda generalizada na realização de exames preventivos durante a pandemia contra os cânceres colorretal, de mama e do útero, apenas o primeiro registrou recuperação desde 2020. Os demais seguem em baixa.

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Durante a pandemia, devido às medidas de isolamento social, cuidados com exames de rotina foram represados, resultando no adiamento de testes de rastreamento e triagem de doenças crônicas. No entanto, os dados do levantamento sugerem que a prevenção e o cuidado com a saúde ainda não foram reestabelecidos mesmo com o fim da emergência pública de saúde internacional.

“Os cuidados preventivos contra o câncer no país ainda não registraram, de maneira generalizada, nem diminuição de fatores de risco para seu desenvolvimento - como, por exemplo, o tabagismo, consumo de álcool, inatividade física e alimentação não saudável - nem ampliação das coberturas de triagem e rastreamento segundo os protocolos nacionais vigentes, como o papanicolau, a mamografia e a colonoscopia após o fim da pandemia, o que demanda um esforço público de conscientização da população e, também, garantia de atendimento equitativo para que todos tenham o ao exame no tempo adequado", afirma Evelyn Santos, gerente de investimento social da Umane.

Registros de mamografia e papanicolau ainda não atingiram patamar pré-pandemia

Segundo dados do Vigitel, disponíveis no OSP, da Umane, o número de mulheres com 18 ou mais anos que fizeram exame de mamografia nas capitais brasileiras caiu antes da pandemia e ainda não registrou recuperação.

Em 2007, 51,2% das mulheres adultas já tinham feito mamografia; em 2017, o número subiu para 66,7% e inicia queda, atingindo 59,8% em 2023. Na série histórica do Vigitel, no relatório oficial da análise temporal de 2007 a 2023, o percentual de mulheres de 50 a 69 anos que realizaram mamografia nos últimos dois anos subiu de 71,1% para 73,1%, mas se manteve abaixo de 78,5%, valor atingindo em 2017.

"Avançar com mais equidade na cobertura da mamografia, em todos os territórios do país, assim como nas regiões metropolitanas e áreas rurais, deve ser uma prioridade na busca pela universalidade do o e equidade em saúde", avalia Santos.

Já os exames de ultrassonografia mamária bilateral têm apresentado recuperação após a pandemia, de acordo com dados do DATASUS-SAI, levantados pela Umane. Em 2019, o país registrou recorde da década, com 1,4 milhão de exames realizados em todos os municípios brasileiros.

Entre 2019 e 2020, a queda no número desses exames foi de 28,4%, atingindo 984 mil. No entanto, no ano seguinte os exames foram retomados e, entre 2020 e 2024, aumentaram em 92,7%, alcançando, no ano, 1,9 milhão.

Por fim, os exames preventivos de câncer de colo de útero -- papanicolau e colposcopia -- ainda não apresentaram retomada após a pandemia.

Os exames de papanicolau têm registrado queda nas capitais brasileiras antes mesmo da pandemia, segundo dados do Vigitel. Em 2017, 84% das mulheres residentes nas capitais brasileiras realizaram o Papanicolau ao menos uma vez na vida. Esse número diminuiu ao longo dos anos, sendo 78,9% em 2023.

Ao comparar estes dados com a Pesquisa Nacional de Saúde 2013-2019, a Umane destaca que, mais uma vez, há maior cobertura de prevenção nas capitais avaliadas pelo Vigitel, demonstrando a necessidade de um abordagem focada na redução das desigualdades de o a esses exames.

Número de colonoscopias realizadas pelo SUS cresceu entre 2019 e 2024

O percentual de colonoscopias -- exame para rastreamento do câncer colorretal -- realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os municípios brasileiros cresceu 65,5% entre 2019 e 2024, somando 574,6 mil exames, sendo 373,6 mil feitos por mulheres e 201 mil por homens, segundo o levantamento feito pela Umane, com base em dados do DATASUS-SIA, disponíveis no OSP.

Em 2019, 347,1 mil colonoscopias foram feitas. Em 2020, como esperado, a quantidade caiu. O total foi de 242,4 mil, com 149,7 mil de mulheres e 92,7 mil de homens. No entanto, em 2021, o número de exames cresceu para 304,7 mil, com 191,2 mil mulheres e 113,5 mil homens. Vale destacar que este também foi o ano em que começaram a ser distribuídas as vacinas para Covid-19 no Brasil.

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