Duas dessas cinco porções devem ser de frutas – as outras três devem se concentrar em vegetais, revelou a pesquisa.
“Essa quantidade provavelmente oferece o maior benefício em termos de prevenção das principais doenças crônicas e é uma ingestão relativamente alcançável para o público em geral”, disse o autor principal do estudo, Dr. Dong Wang, epidemiologista e nutricionista da Escola de Medicina de Harvard e do Hospital da Mulher em Boston.
Os resultados mostraram, no entanto, diferenças nos benefícios dependendo do alimento que era consumido.
“Também descobrimos que nem todas as frutas e vegetais oferecem o mesmo grau de benefício, embora as recomendações dietéticas atuais geralmente tratem todos os tipos de frutas e vegetais, incluindo vegetais ricos em amigo, sucos de frutas e batatas, da mesma forma”, afirmou Wang.
Ervilhas, milho, batata e outros vegetais ricos em amido, por exemplo, não foram associados a um risco reduzido de morte ou de doenças crônicas específicas.
Por outro lado, verduras ricas em beta caroteno e vitamina C, como espinafre, alface e couve, junto com a cenoura, mostraram benefícios.
Na categoria das frutas, as ricas em beta-caroteno e vitamina C, como as vermelhas e as cítricas, também ajudaram a reduzir o risco de morte e doenças crônicas. O suco delas, porém, não contribuem para essas vantagens. Pesquisas anteriores mostraram que a fibra da fruta inteira é a chave para obter os benefícios.
“A totalidade das evidências no estudo deve convencer os profissionais de saúde a promover o consumo de mais frutas e vegetais como estratégia alimentar fundamental para os cidadãos”, escreveram o Dr. Naveed Sattar e a Dra. Nita Forouhi em um editorial de acompanhamento que será publicado em abril.
Sattar é professor do Instituto de Ciências Cardiovasculares e Médicas da Universidade de Glasgow; Forouhi lidera o programa de epidemiologia nutricional da Unidade de Epidemiologia da Universidade de Cambridge. Nenhum deles estava envolvido com o novo estudo.
“Os maiores ganhos podem vir do incentivo àqueles que raramente comem frutas ou vegetais, uma vez que dietas ricas desses alimentos, mesmo que modestas, são benéficas”, disseram.
O estudo, publicado nesta segunda-feira (1º) na revista da AHA, foi dividido em duas partes. A primeira foi uma análise de dados do Estudo de Acompanhamento de Enfermeiros e Profissionais de Saúde, que acompanhou mais de 100 mil americanos por até 30 anos. Todos os participantes preencheram um questionário de hábitos alimentares no início da pesquisa; esses questionários eram atualizados a cada dois ou quatro anos.
Depois, as informações eram comparadas com os registros de saúde e óbitos coletados durante o mesmo período.
A segunda parte do estudo foi uma análise de dados agrupados de 26 estudos cobrindo quase 2 milhões de participantes de 29 países e territórios na Ásia, África, Austrália, Europa e América do Norte e do Sul. Esses estudos também compararam o consumo de frutas e verduras com as taxas de mortalidade.
Pessoas que comeram cinco porções diárias de frutas e vegetais tiveram um risco 13% menor de morte por qualquer causa do que pessoas que comeram apenas duas porções de frutas e vegetais por dia.
O consumo de cinco porções também foi relacionado a um risco 12% menor de morte por doenças cardiovasculares.
Elas também tiveram um risco 10% menor de morte por câncer e um risco 35% menor de morte por doenças respiratórias, como doença pulmonar obstrutiva crônica, do que aqueles que comeram apenas duras porções, descobriram os pesquisadores.
Curiosamente, o estudo não encontrou nenhum benefício em comer mais de cinco porções desses alimentos por dia, o que contradiz pesquisas anteriores em animais e pessoas.
Um levantamento de 2017 descobriu uma redução significativa no risco de ataque cardíaco, derrame, câncer e morte precoce ao comer 10 porções de frutas e verduras todos os dias. Estudos em animais encontraram respostas imunológicas muito mais baixas naqueles que foram alimentados com duas a três porções por dia do que em animais que comeram de cinco a nove porções por dia.
“Víamos um efeito melhor no consumo de oito a nove porções por dia”, disse a autora do estudo, Dra. Simin Meydani, cientista sênior e líder da equipe de imunologia nutricional do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana sobre Envelhecimento da Universidade Tufts Jean Mayer.
Meydani destacou o fato de que o novo estudo se baseou na autodeclaração, que conta com a capacidade dos participantes de lembrar e serem verdadeiros ao registrar o que comeram. Portanto, ele só poderia mostrar uma associação entre cinco porções e uma saúde melhor – não uma causa e um efeito.
"A pesquisa se baseia principalmente em estudos observacionais e registros de ingestão alimentar, que eu não acredito que tenham a sensibilidade de diferenciar e identificar a dose exata necessária", disse Meydani, que não estava envolvido no estudo.
"Para recomendar que cinco porções de frutas e vegetais seja a melhor dose, eles precisarão fazer um ensaio controlado aleatório, olhando tanto os resultados da doença quanto os biomarcadores de saúde, o que não foi feito de forma sistemática", completou a cientista.
As diretrizes dietéticas dizem que as mulheres adultas devem comer pelo menos 1,5 xícaras de frutas e 2,5 xícaras de vegetais por dia. Os homens precisam de mais: 2 xícaras de frutas e 3,5 de vegetais.
No entanto, apenas 9% dos adultos norte-americanos comem as porções sugeridas de verduras e apenas 12% comem a quantidade recomendada de frutas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
“A Associação Americana de Saúde recomenda encher pelo menos metade do prato com frutas e verduras em cada refeição”, destaca a Dra. Anne Thorndike, presidente do comitê de nutrição da entidade.
“Essa pesquisa fornece fortes evidências dos benefícios para toda a vida de comer frutas e vegetais e sugere uma meta de consumo diário para uma saúde ideal”, acrescentou Thorndike, que também é professora da Faculdade de Medicina de Harvard.
Texto traduzido. Leia o original em inglês.