Outro caso de violência no Rio de Janeiro nesta semana aconteceu com a atendente Cristina da Silva, de 25 anos, morta no caminho do trabalho após se jogar na frente de seu filho para protegê-lo de uma bala perdida.
Na edição desta sexta-feira (28) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre as reações do cérebro em momentos de violência e estresse e como isso afeta o funcionamento do corpo e mente.
Gomes explicou que o permanente estado de alerta afeta a região do hipotálamo, amígdala cerebral e região da formação reticular ativadora ascendente, e que um estresse permanente nestas regiões pode gerar problemas de memória.
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“O cérebro de quem vive em locais violentos trabalha de forma alerta, atenta e sob estresse. O médio e longo prazo impactam na capacidade de memorizar, aprender e gerenciar problemas. O cérebro fica moldado para trabalhar em estado de atenção para se proteger em detrimento de se relaxar.”
No caso da atendente que se sacrificou para salvar seu bebê de uma bala perdida, Gomes diz que é um caso de atitude instintiva onde o sentido de proteção faz com que o corpo atue de maneira diferente do habitual.
“Nesses casos [como da atendente], o plano consciente não é nem ado. Antes da pessoa pensar no que está fazendo, o instinto de preservação da espécie é acionado e com isso alguns movimentos mudam, como entrar na frente do filho e outras coisas que você normalmente não faria,” diz Gomes.
“Nestes momentos o sistema límbico, que é a parte emocional do cérebro, toma comando da situação e você acaba agindo antes de pensar,” finaliza.
(Edição: André Rigue)