Valores doados a Eduardo vieram de campanha de Pix de 2023, diz Bolsonaro

Em depoimento à PF, ex-presidente declarou que jamais realizou ação para custear o filho nos EUA e que os R$ 2 milhões reados têm como origem doações de apoiadores

Maria Clara Matos e Teo Cury, da CNN, São Paulo e Brasília
Jair Bolsonaro (PL)  • Foto: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (5), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o dinheiro enviado ao filho e deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que hoje está nos Estados Unidos, veio a partir de doações feitas por apoiadores que aconteceram em 2023.

O ex-presidente afirmou ter enviado R$ 2 milhões ao filho no dia 13 de maio de 2025, e que desconhece se outras pessoas o rearam algum valor.

O dinheiro é oriundo dos cerca de R$ 17 milhões arrecadados em junho de 2023 em uma campanha entre apoiadores para o pagamento de aplicadas multas pelo governo de São Paulo, na istração de João Doria (sem partido), por não usar máscara da pandemia de Covid-19.

Ainda em 2023, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) confirmou a movimentação.

Bolsonaro alegou que não fez nenhuma ação com o intuito de conseguir financiar o filho, e que foi ideia do seu ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, de realizar uma nova campanha de doações em maio deste ano.

Ele afirma que comentou com Machado que estava tendo despesas com a permanência do filho no exterior e que não tinha conhecimento da ação. O valor arrecadado, segundo ele, foi de R$ 1 milhão.

Ainda segundo o ex-presidente, ele é o responsável por gerenciar esses valores, e afirma que alguns rees foram feitos para a sua esposa, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Ele nega, contudo, que o Partido Liberal tenha enviado algum valor a Eduardo.

A PF apura se Eduardo estaria realizando uma ofensiva de negociação com autoridades estrangeiras para sancionar autoridades do Brasil. E o entendimento da corporação é que a campanha seria, então, financiada por Jair, que recebeu uma “arrecadação massiva de doações via Pix”. O depoimento do ex-presidente teve início às 15h e durou cerca de duas horas.

Bolsonaro alega que a justificativa da campanha para as contribuições financeiras seria voltada para o pagamento de multas e custos com processos judiciais.

“Há indícios concretos de que tais valores, supostamente oriundos da arrecadação via Pix promovida por Jair Messias Bolsonaro, estão sendo utilizados não para pagamento de multas ou despesas processuais, mas para custear ações de sabotagem institucional, ofensivas diplomáticas contra o STF e atos que atentam contra a soberania nacional”, diz o relatório da PF.