Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, a ministra disse já ter ouvido "depoimentos muito fortes" de colegas sobre "como é difícil estar neste lugar".

"Eu já ouvi depoimentos muito fortes, mesmo das minhas colegas ministras, obviamente que não vou citar nenhuma delas aqui, de como é difícil estar nesse lugar, mas a gente tem conseguido criar uma aliança entre nós, tanto as deputadas, quanto as ministras", afirmou.

Apesar desse movimento, Marina disse que ainda existem "muitas formas de discriminação".

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"Essa tentativa de descredibilizar as mulheres no seu trabalho, na sua competência, de querer desqualificar... A gente a por isso o tempo todo, mas obviamente que não podemos ser tolerantes em hipótese alguma com esse tipo de atitude, a gente não precisa provar nada para ninguém. Chega desse negócio de que a gente tem que provar duas vezes que a gente pensa, que a gente é capaz", continuou.

A ministra citou ainda a cobrança contínua por um "padrão".

"A gente não tem que ser cobradas para ter um padrão, ou a gente vestir uma camisa de força do masculino para poder ser respeitada, para poder ser ouvida", afirmou. "É um esforço constante de que a gente seja respeitada", complementou.

Marina também criticou aqueles que a elogiam afirmando que ela representa uma "figura simbólica", afirmando que isso é uma "forma disfarçada" de não reconhecer liderança.

Escuto muita gente dizendo assim: 'Marina, você é uma figura simbólica da agenda ambiental'. E, obviamente, que às vezes as pessoas dizem isso numa tentativa de elogiar, mas se você é um homem branco, dificilmente as pessoas dizem que você é uma pessoa simbólica. Se você é mulher, se você é indígena, se você é preta, se você é tudo isso junto, como é o meu caso, aí você vira símbolo.

"Você é muito boa como símbolo, mas você não é uma gestora. Isso é uma forma disfarçada de não reconhecer a nossa liderança", concluiu.

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