De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a “Operação Impacto” está sendo realizada por meio do 5° Batalhão de Choque e apoio do Canil com o objetivo de combater o tráfico de drogas no local. Ainda segundo a pasta, trata-se de uma ação rotineira.
Durante a ação, os agentes localizaram, com a ajuda do Cão Policial K-9 Thor, armas de fogo e dois sacos pretos com drogas e facas dentro de uma residência. Segundo a SSP, o infrator foi conduzido ao 2°DP de Carapicuíba.
Em um vídeo gravado por moradores da região, é possível visualizar a movimentação dos militares na comunidade. Veja abaixo:
A CNN recebeu relatos dos moradores da comunidade que se manifestaram acerca da operação realizada pela PM. Em um áudio, um deles solicita ajuda ao restante dos moradores para verificar o movimento dos policiais na região. Em seguida, ele afirma que a ação é “abusiva” e que acontece “sem motivo”.
Outra moradora também se manifestou: “Botaram arma e ‘tipo uma lanterna’ na cara do povo. Entraram com o cachorro na casa de uma mulher bem de manhãzinha. Ela e os meninos ficaram até com medo”, disse.
A pasta afirma que a operação segue em andamento. A ação acontece um dia antes de policiais envolvidos na morte de nove pessoas em Paraisópolis arem por audiência judicial.
A audiência de defesa de policiais militares no caso do Massacre de Paraisópolis, ocorrido em 2019, acontece nesta próxima sexta-feira (28), a partir das 10h, no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães.
O massacre de Paraisópolis aconteceu na madrugada do dia 1° de dezembro de 2019, no baile da DZ7. Os policiais entraram na comunidade e cercaram um quarteirão onde acontecia o maior fluxo de pessoas. Durante a ação foram usadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além de tiros de balas de borracha, golpes de cassetetes e rajadas de gás de pimenta.
Como resultado das ações policiais, um tumulto ou a ocorrer e parte da multidão correu para um beco. Neste momento, segundo relatos, os moradores foram encurralados pela Polícia Militar. Na ação, nove jovens, com idades entre 14 e 23 anos, foram mortos.
A primeira audiência de custódia sobre o caso foi realizada em julho do ano ado, quando 13 réus foram julgados. Após a audiência, outra foi marcada para dezembro de 2023 para definir se eles iriam ou não a júri popular.
Na época, a CNN entrou em contato com as defesas de oito dos réus que informaram que mantinham o mesmo posicionamento desde o início dos trabalhos. Segundo os advogados, não há ligação entre a conduta dos policiais e as mortes.
Em abril deste ano, uma ação de policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, deixou uma pessoa morta. Segundo a Polícia Militar, a ocorrência começou após uma denúncia de que dois homens em uma moto haviam praticado um roubo e fugiram em direção a comunidade.
Na época, a SSP-SP afirmou que, ao perceberem a aproximação da polícia, os pilotos das motos tentaram fugir, mas caíram. Ambos correram e tentaram se esconder, mas um deles foi encontrado e, ao ser abordado, teria apontado uma arma para a equipe policial, que atirou.
Um outro caso, ocorrido no mesmo mês, diz respeito ao menino Kauã Veríssimo Félix, de 7 anos, que ficou ferido na cabeça durante uma ação de agentes militares que faziam patrulhamento na comunidade quando foram recebidos a tiros por suspeitos em uma viela. Conforme a SSP-SP, os policiais reagiram e os indivíduos fugiram. Depois da ação, foi constatado que a criança estava com um ferimento na cabeça.
No início deste mês, um homem morreu após tentar desarmar um agente militar durante uma abordagem da PM na comunidade. Segundo a Polícia Militar, na tentativa de conter o agressor, o homem teria retirado a arma de um dos policiais e, em seguida, efetuado disparos contra os dois agentes, que foram atingidos. Um dos policiais, mesmo ferido, conseguiu sacar sua arma e disparar contra o homem agressor, que foi alvejado e caiu ao chão ferido.
*Sob supervisão de Bruno Laforé