A vulnerabilidade dessa parcela da população fica ainda mais evidente quando compara-se com a média nacional de 207% entre brasileiras de todas as raças no mesmo período.

Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde e dizem respeito a três formas de violência: física, psicológica e sexual.

A discrepância maior se dá justamente nesta última — o número saltou para 297% entre as mulheres indígenas. Já entre as brasileiras em geral, o aumento chegou a 188%. A violência sexual engloba casos de assédio, estupro, pornografia infantil e exploração sexual.

Segunda a Coordenadora de jornalismo e distribuição da Associação Gênero e Número, Bruna de Lara, o crescimento nesses índices reforça o que muitas indigenistas denunciam há anos: " nossas leis e políticas públicas de enfrentamento à violência ainda não alcançam as mulheres originárias – nem em termos conceituais, por não levarem em conta as especificidades desses grupos, nem geográficos, já que os aparatos de denúncia e acolhimento, muitas vezes, são iníveis."

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Outro dado que chama a atenção é o perfil das vítimas desse tipo de abuso: 50% delas são meninas menores de 14 anos. Nessa faixa etária, qualquer ato de natureza sexual configura estupro de vulnerável, já que a lei estabelece os 14 anos como a idade mínima de consentimento. No total, 79% das vítimas são menores de idade, versus 66% entre a população feminina em geral.

Entre os agressores, os companheiros e ex-companheiros se destacam, sejam para cometer violência física, psicológica ou sexual, um padrão que se repete em toda a população brasileira.

A CNN entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para comentar o estudo. O espaço segue aberto.

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IndígenasViolência contra a mulher