Em uma entrevista com o podcaster americano Lex Fridman publicada no domingo (5), Zelensky disse que os ucranianos estavam contando com Trump para forçar Moscou a encerrar sua guerra e que a Rússia aumentaria a tensão na Europa se Washington abandonasse a aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Quase três anos após a invasão da Rússia, a eleição de Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro, gerou esperanças de uma resolução diplomática para interromper a guerra, mas também temores em Kiev de que uma paz rápida possa ter um preço alto.

Zelensky usou a entrevista de três horas publicada no YouTube para pedir a adesão da Ucrânia à Otan, enfatizando sua crença de que um cessar-fogo sem garantias de segurança para Kiev apenas daria tempo à Rússia para se rearmar para um novo ataque.

O líder ucraniano disse que a Casa Branca, sob o comando de Trump, tinha um papel vital a desempenhar no fornecimento de garantias de segurança e afirmou que ele e o presidente eleito dos EUA concordavam sobre a necessidade de uma abordagem de "paz pela força" para acabar com o conflito.

"Sem os Estados Unidos, garantias de segurança não são possíveis. Quero dizer, essas garantias de segurança que podem impedir a agressão russa", disse ele, reconhecendo tacitamente que os aliados europeus de Kiev seriam muito fracos militarmente para se virarem sozinhos.

Zelensky argumentou que o presidente russo Vladimir Putin não estava interessado em negociações sérias para acabar com a guerra, e que o líder do Kremlin teria que ser compelido a parar e concordar com uma paz duradoura.

A situação no campo de batalha está no seu nível mais desafiador para a Ucrânia desde os primeiros meses da invasão russa em 2022, e as tropas de Kiev, em grande desvantagem numérica, vêm perdendo vilarejo após vilarejo na região oriental de Donbas há meses.

Embora tenha dito que cabe aos Estados Unidos determinar seu futuro, Zelensky alertou que qualquer decisão de Washington sob o comando de Trump de sair da Otan enfraqueceria a aliança militar e encorajaria Putin na Europa.

"Estou simplesmente dizendo que se isso acontecer (sair da aliança), Putin destruirá a Europa", disse ele.

O líder ucraniano disse que precisava se sentar com Trump para determinar um curso de ação para deter o Kremlin e que os governos europeus também precisavam ter voz nesse processo antes que Kiev pudesse se sentar para conversar com o lado russo.

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Visita à Ucrânia

Trump, acrescentou o líder ucraniano, indicou quando conversaram no final do ano ado que haveria uma visita oficial da Ucrânia aos Estados Unidos logo após ele assumir o cargo.

"Ele me disse ao telefone que minha visita seria uma das primeiras dele. Este tópico é importante para ele. Espero que nos encontremos", disse ele.

O líder ucraniano também disse que compareceria à posse de Trump em 20 de janeiro se recebesse um convite oficial.

A entrevista foi publicada na noite seguinte ao lançamento, no domingo (5), de uma nova ofensiva pelas tropas ucranianas na região russa de Kursk, onde conquistaram um enclave em uma incursão surpresa em agosto ado.

A Ucrânia vem dizendo há meses que a Rússia enviou milhares de tropas norte-coreanas para a região de Kursk para ajudar suas forças ali.

Zelensky estimou que 3.800 soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos nos combates até agora, mas acreditava que Pyongyang tinha capacidade de enviar muitos milhares de soldados a mais se assim o desejasse.

Ele também disse que a Coreia do Norte forneceu 3,7 milhões de projéteis de artilharia para a Rússia até agora, um número que ele contrastou com o 1 milhão fornecido pela União Europeia no ano ado. A Reuters não conseguiu verificar esses números de forma independente.

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