“Precisamos de uma transição urgente para sistemas alimentares regenerativos”, disse. Para ela, pescadores, agricultores e todos os que dependem diretamente da terra precisam ser parte dessa mudança — que deve ocorrer, segundo a ex-diretora-geral da OMS, antes que as consequências da crise climática se tornem irreversíveis.
A presença de Brundtland no evento teve também um tom simbólico. Ela lembrou que seu último relatório oficial foi em 1997 e que, de lá pra cá, o mundo mudou, mas não o bastante. A norueguesa foi a autora do famoso documento “Nosso Futuro Comum” (1987), que cunhou o termo “desenvolvimento sustentável” e deu origem à Rio-92, marco da diplomacia ambiental que aconteceu também no Brasil.
“Estamos numa década decisiva. Ainda podemos criar um mundo mais resiliente, sustentável e inclusivo — mas só se agirmos agora”, afirmou. Segundo ela, a COP30, marcada para Belém (PA) em 2025, pode ser mais uma virada histórica com protagonismo brasileiro.
No palco do Allianz Parque, Brundtland também reforçou a ligação entre desigualdade e degradação ambiental, lembrando uma frase da ex-primeira-ministra indiana Indira Gandhi: “a pobreza é o maior poluente”. Segundo ela, nenhum plano ambiental será viável sem considerar as necessidades básicas das populações mais pobres.