Acredita-se que o Hamas esteja abrigando no subsolo um número considerável de combatentes e armas • Reuters
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse, nesta quinta-feira (2), que as Forças de Defesa avançaram e cercaram a cidade de Gaza.
O Hamas, por sua vez, resistiu e fez ataques a partir de túneis subterrâneos.
“Estamos no auge da batalha. Tivemos sucessos impressionantes e amos da periferia da Cidade de Gaza. Estamos avançando”, afirmou Netanyahu sem dar mais detalhes.
De acordo com o brigadeiro-general Iddo Mizrahi, chefe dos engenheiros militares de Israel, as tropas estavam em um primeiro estágio de abertura de rotas de o em Gaza, mas encontraram minas e armadilhas.
“O Hamas aprendeu se preparou bem”, disse.
Soldados do Hamas e da Jihad Islâmica saíram de túneis para atirar contra os tanques israelenses e depois desapareceram novamente, segundo moradores e vídeos dos dois grupos.
Com pedidos internacionais para uma pausa humanitária às hostilidades sendo ignorados, não houve trégua para os civis palestinos.
Segundo especialistas da ONU, a população local está sob “grave risco de genocídio”.
Civis palestinos sofrem com escassez de alimentos, combustível, água potável e remédios.
“Água está sendo usada como uma arma de guerra”, disse Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA.
O céu do norte de Gaza foi iluminado por sinalizadores e explosões à medida que o bombardeio se intensificava na noite desta quinta-feira.
O editor diplomático internacional da CNN, Nic Robertson, que está em Sderot, em Israel, viu explosões por mais de 30 minutos no céu do enclave. O volume de bombardeios foi mais intenso do que o observado nas últimas semanas, desde 7 de outubro.
O foco dos ataques parece estar na área de Beit Hanoun, no norte de Gaza, a cerca de 4 quilômetros de Sderot, disse Robertson.
Ben Wedeman, da CNN, que há anos faz reportagens na Faixa de Gaza, descreveu Beit Hanoun, que não é tão populosa como a vizinha cidade de Gaza, como uma das áreas que tradicionalmente experimenta os primeiros movimentos militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) durante incursões adas.
Também parece haver uma cortina de fumaça cobrindo o terreno, sugerindo a possível movimentação de tropas nas áreas.
Robertson disse que parece que dois foguetes foram disparados de Gaza durante esse período. Foguetes de artilharia também foram ouvidos nas proximidades.
O fogo intensificado ocorre depois que os militares israelenses anunciaram que haviam cercado a cidade de Gaza.
Israel responderá com ações, não com palavras, em resposta a qualquer escalada do Hezbollah na fronteira norte, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel.
Os comentários do contra-almirante Daniel Hagari ocorrem no momento em que os militares israelenses trocam tiros com extremistas do Hezbollah nas últimas semanas.
As Forças de Defesa disseram nesta quinta-feira que atingiram vários alvos do grupo radical islâmico no Líbano em resposta aos ataques do país em direção a Israel.
Espera-se que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fale sobre a questão nesta sexta-feira (3).
O grupo divulgou um comunicado hoje dizendo que atingiu um quartel militar israelense na área de Shebaa Farms com dois drones de ataque, afirmando que eles fizeram “ataques diretos dentro do quartel”.
Shebaa Farms é um território disputado ao longo da fronteira entre Israel e Líbano.
Questionado sobre o potencial de escalada à luz do discurso de Nasrallah, Hagari reiterou que Israel responderia com ações, observando que está altamente preparado.
Não está claro o que Nasrallah poderá anunciar no discurso de sexta-feira, mas a mídia que pertence ao Hezbollah tem sido efusiva em seu apoio ao Hamas desde 7 de outubro.
Os observadores acompanharão o discurso em busca de sinais de uma nova fase no conflito ou de modificações nas regras vagamente definidas de engajamento que vão além do atual “olho por olho”.
Antecipando o discurso, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse nesta quinta-feira que “nossa mensagem para ele ou para qualquer outra pessoa é que eles estão pensando em ampliar, escalar e aprofundar este conflito: ‘você não deveria fazer isso’”.
O Hezbollah é amplamente considerado uma carta imprevisível regionalmente, que poderá transformar a guerra Israel-Hamas num conflito mais amplo.
O grupo tem um arsenal mais sofisticado do que o Hamas, e o seu maior envolvimento na guerra poderá atrair os soldados paramilitares do Irã no Iraque e no Iémen.
Pelo menos 10.328 vidas foram perdidas na guerra entre Israel e o Hamas, de acordo com dados divulgados pelas autoridades de saúde de ambos os lados na quarta-feira (1º).
Desde o início dos combates entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas, no dia 7 de outubro, os ataques israelenses na Faixa de Gaza ceifaram a vida de 8.796 palestinos, deixando 22.219 feridos e 2.030 dados como desaparecidos.
Os números são do departamento de saúde palestino, controlado pelo Hamas na Faixa de Gaza, na quarta-feira.
Conforme noticiado pela Al Jazeera no mesmo dia, os recentes confrontos com o exército israelense na Cisjordânia resultaram na morte de 127 pessoas. Até agora, o lado palestino relatou um total de 8.923 mortes no conflito em curso.
Israel ainda não divulgou informações oficiais e verificadas sobre o número de vítimas israelenses no conflito.
A mídia israelense relatou na segunda-feira (30) 1.538 mortes entre os israelenses – número não confirmado pelas autoridades oficiais israelenses – devido ao conflito, enquanto a Al Jazeera relatou 1.405 mortes.
*Publicado por Douglas Porto, com informações da Reuters