Macron afirmou: "Há um agressor, a Rússia, e um agredido, a Ucrânia. Todos queremos a paz, mas os dois não podem ser tratados em pé de igualdade".
O líder francês continuou seu pronunciamento com um apelo à comunidade internacional: "Americanos, brasileiros, chineses, indianos, devemos todos fazer pressão sobre a Rússia para que ela ponha um termo a esta guerra, para que este conflito possa ser negociado e que a guerra não possa voltar".
O presidente francês lembrou que a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos foi aceita por Volodymyr Zelensky em março, em Jeddah, mas continua sendo recusada por Vladimir Putin. "Ele iniciou a guerra e ele não quer um cessar-fogo", afirmou Macron.
O mandatário também enfatizou a importância do Brasil nas negociações de paz, mencionando a iniciativa conjunta com a China. Ele reiterou a importância de defender o multilateralismo e a Carta das Nações Unidas, respeitando a integridade territorial dos estados.
"Um país violou a Carta das Nações Unidas. Ele é membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ele recusa a paz", declarou Macron, referindo-se à Rússia.
Macron destacou seus esforços diplomáticos recentes, incluindo uma longa discussão com o presidente da China, Xi Jinping, visando reiniciar as negociações diplomáticas para convencer Putin a buscar uma resolução pacífica para o conflito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a Paris nesta quinta-feira (5) para uma visita de Estado, a primeira de um presidente brasileiro à França em mais de 12 anos.
Lula foi recebido pelo presidente francês Emmanuel Macron em uma cerimônia oficial de boas-vindas na Esplanada dos Inválidos.
Acompanhado da primeira-dama Janja da Silva, Lula iniciou sua agenda com uma reunião de trabalho no Palácio do Eliseu, sede da presidência sa. Participam do encontro diversos ministros brasileiros, incluindo Ricardo Lewandowski, da Justiça, e Marina Silva, do Meio Ambiente.
A visita de Lula à França tem como foco principal discussões sobre assuntos geopolíticos e ambientais. Entre os temas a serem abordados estão a guerra na Faixa de Gaza, o conflito na Ucrânia e a defesa do multilateralismo no comércio internacional.
Um ponto de convergência entre os dois líderes é a preocupação com as medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, como o aumento de tarifas sobre aço e alumínio. Lula e Macron devem discutir estratégias para combater essas medidas unilaterais que afetam tanto o Brasil quanto a União Europeia.
A agenda ambiental também ganha destaque nas conversações. O presidente francês confirmou sua ida à COP30, que será realizada em Belém, no Pará. Os dois líderes defenderam medidas mais rigorosas para o combate às mudanças climáticas e maior financiamento para ações de proteção ambiental.
No entanto, há pontos de divergência entre Brasil e França, especialmente no que diz respeito ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia. Macron tem se posicionado contra o acordo, pressionado pelos agricultores ses que temem a concorrência do agronegócio brasileiro.
Além dos compromissos políticos, a visita de Lula inclui momentos de homenagem e intercâmbio cultural. O presidente brasileiro será recebido na Academia sa, instituição responsável por regulamentar a língua sa no mundo.
Esta honraria é raramente concedida a chefes de Estado, sendo Lula o primeiro brasileiro a recebê-la desde o imperador Dom Pedro II, há quase 200 anos.
A visita de Estado será encerrada com um jantar de honra oferecido pelo presidente Macron no Palácio do Eliseu, marcando a importância das relações bilaterais entre Brasil e França.