A informação foi dada creditando um diplomata iraniano, nesta segunda-feira (2), classificando a proposta como um “não início” que não atende aos interesses de Teerã e deixa inalterada a posição de Washington sobre o enriquecimento de urânio.

“O Irã está elaborando uma resposta negativa à proposta dos EUA, que pode ser interpretada como uma rejeição da oferta dos EUA”, disse à Reuters o diplomata graduado, que é próximo à equipe de negociação iraniana.

A proposta americana para um novo acordo nuclear foi apresentada ao Irã no sábado (31) pelo ministro das Relações Exteriores de Omã, Sayyid Badr Albusaidi, que está em uma curta visita a Teerã e vem mediando as negociações nucleares entre Teerã e Washington.

No entanto, após cinco rodadas de negociações entre o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, para resolver o ime nuclear, muitas questões continuam sem solução.

Entre as linhas vermelhas conflitantes está a rejeição do Irã à exigência americana de que Teerã se comprometa a abandonar o enriquecimento de urânio, visto como um caminho potencial para o desenvolvimento de bombas nucleares.

Teerã afirma que quer dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos e há muito tempo nega as acusações das potências ocidentais de que está buscando desenvolver armas nucleares.

“Nessa proposta, a posição dos EUA sobre o enriquecimento de urânio em solo iraniano permanece inalterada, e não há nenhuma explicação clara sobre o levantamento das sanções”, disse o diplomata, que não quis ser identificado devido à sensibilidade do assunto.

Fim das sanções 

Teerã exige a remoção imediata de todas as restrições impostas pelos EUA que prejudicam sua economia baseada no petróleo.

Mas para Washington, a remoção das sanções relacionadas à energia nuclear deve ser feita em fases.

Dezenas de instituições locais vitais para a economia do Irã, incluindo seu banco central e a empresa petrolífera nacional, foram sancionadas desde 2018 por, segundo os EUA, “apoiar o terrorismo ou a proliferação de armas”.

A retomada por Trump de uma campanha de “pressão máxima” contra Teerã desde seu retorno à Casa Branca, em janeiro, incluiu sanções mais rígidas e ameaças de bombardear o Irã se as negociações atuais não resultarem em um acordo.

Durante seu primeiro mandato, em 2018, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015 de Teerã com seis potências e reimpôs sanções que prejudicaram a economia do Irã.

Em contrapartida, Teerã violou rapidamente as restrições do pacto nuclear de 2015 sobre seu programa nuclear.

O acordo de 2015 exigiu que o Irã tomasse medidas para restringir seu programa nuclear em troca de alívio das sanções econômicas dos EUA, da União Europeia e da ONU.

Vista da instalação iraniana de enriquecimento de urânio de Natanz • Raheb Homavandi (Reuters)
Vista da instalação iraniana de enriquecimento de urânio de Natanz • Raheb Homavandi (Reuters)

O diplomata disse que a avaliação do “comitê de negociações nucleares do Irã”, sob a supervisão do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, foi de que a proposta dos EUA é “completamente unilateral” e não pode servir aos interesses de Teerã.

Portanto, declarou ele, Teerã considera essa proposta um “fracasso” e acredita que ela tenta impor unilateralmente um “mau acordo” ao país por meio de exigências excessivas.

Duas autoridades iranianas disseram à Reuters na semana ada que o Irã pode interromper o enriquecimento de urânio se os EUA liberarem os fundos iranianos congelados e reconhecerem o direito de Teerã de refinar urânio para uso civil em um “acordo político” que poderia levar a um acordo nuclear mais amplo.

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