O jovem foi identificado como Marcelo Gomes, segundo apurou a WCVB, rede afiliada da CNN, com familiares e amigos. A família diz que ele saiu do Brasil aos cinco anos de idade e mora em Milford desde então. Ele chegou aos EUA em 2012.
Autoridades informaram que Gomes foi preso por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) fora do campus da Milford High School, onde estuda.
Ele estava indo a um treino de vôlei no sábado (31) de manhã quando foi detido.
A namorada de Gomes, Julianys Rentas, afirmou à WCVB que o brasileiro relatou que "tinha correntes nos tornozelos e nos pulsos".
"Ele está em uma cela com outros 30 homens. Ele é o único de 18 anos ali, o mais novo. Ele não é um criminoso. Ele é membro desta comunidade e nunca fez nada de errado", adicionou.
A WCVB também conversou com Yago Sampaio, que estava no carro com o brasileiro quando os agentes do ICE o abordaram. "Se eu tivesse um ano a mais, estaria no banco de trás do carro [dos agentes] com meu amigo", disse.
Alunos da Milford High School fizeram um protesto nesta segunda-feira (2) para demonstrar apoio ao colega. Eles se reuniram em uma rua da cidade segurando cartazes com os dizeres "Libertem Marcelo" e "Eu apoio Marcelo".
Em nota, o Itamaraty afirmou que tem conhecimento do caso e está em contato com as autoridades e a família de Marcelo Gomes, prestando assistência consular, inclusive sob forma de apoio jurídico e psicológico.
O chefe do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA defendeu a decisão de prender o estudante brasileiro, dizendo que "ele está neste país ilegalmente e não vamos abandonar ninguém".
Ainda assim, Todd Lyons, o diretor interino do ICE, e Patricia Hyde, diretora interina de campo das Operações de Remoção e Fiscalização do ICE em Boston, disseram que Marcelo Gomes não era o alvo da investigação que levou à sua prisão e que as autoridades estavam procurando pelo pai dele, que continua foragido.
"Então, obviamente, ele não é o pai do ano, porque também trouxe o filho para cá ilegalmente", alegou Lyons.
O aluno da Milford High School dirigia um veículo do pai quando foi preso após uma blitz de trânsito, segundo o diretor. Ele afirmou que, quando as autoridades encontrarem alguém ilegalmente no país, tomarão providências.
"Estamos fazendo o trabalho que o ICE deveria ter feito o tempo todo. Aplicamos todas as leis de imigração", destacou.
Um juiz federal emitiu uma ordem de emergência no domingo (1°) impedindo as autoridades de transferir Marcelo Gomes para fora de Massachusetts por pelo menos 72 horas, em resposta a uma ação judicial que alegava que ele estava detido ilegalmente.
A ação judicial afirma que o brasileiro entrou nos Estados Unidos com visto de estudante.
A advogada do brasileiro pediu sua libertação imediata e disse que "seu visto de estudante expirou, mas o requerente é elegível e pretende solicitar asilo".
A governadora de Massachusetts, Maura Healey, exigiu mais informações sobre o motivo da prisão de Gomes e criticou o governo de Donald Trump.
“Estou perturbada e indignada com os relatos de que um aluno da Escola Secundária de Milford foi preso pelo ICE a caminho do treino de vôlei ontem. Mais uma vez, autoridades locais e policiais foram deixados no escuro, sem nenhum aviso prévio e sem respostas às suas perguntas”, pontuou Healey em um comunicado.
“Exijo que o ICE forneça informações imediatas sobre o motivo da prisão, onde ele está e como seu devido processo legal está sendo protegido", adicionou a governadora, fazendo críticas a Donald Trump em seguida.
O superintendente escolar de Milford, Kevin McIntyre, destacou que a comunidade escolar não tem nenhum papel nas operações de imigração e que apoia as famílias de imigrantes da mesma forma que todos os outros.
"Também tivemos vários pais detidos pelo ICE nas últimas semanas. Estamos todos consternados com esta notícia", afirmou.
"Eles são integrantes da comunidade, alunos em nossas salas de aula, atletas que competem representando Milford, músicos, artistas, amigos e vizinhos. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar nossos alunos e famílias nestes tempos difíceis", concluiu.