Dois fatores principais alimentam essa preocupação, segundo o analista. O primeiro é o enfraquecimento da ordem mundial, com a percepção crescente de que a ONU não tem poder para resolver conflitos. Além disso, a mudança de postura dos Estados Unidos, país tradicionalmente visto como fiador da paz na Europa, tem causado nervosismo, especialmente com a postura de Donald Trump estimulando uma corrida armamentista.
O segundo fator é a aliança entre Rússia, Irã e Coreia do Norte, com esta última enviando soldados para lutar contra a Ucrânia. A compra de armamentos, especialmente drones iranianos, pela Rússia, e as excelentes relações desses países com a China, principal rival dos EUA, aumentam a tensão.
Martins ressalta que essa é a maior guerra em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, o que naturalmente assusta os europeus, especialmente os países mais próximos à Rússia. As declarações provocativas de autoridades russas, embora consideradas "bravatas" pelo analista, causam preocupação na população.
A ideia de uma pacificação com Trump no poder não é vista com credibilidade pelos europeus. Pelo contrário, muitos países europeus estão cortando gastos sociais para aumentar investimentos em defesa, ainda que estes permaneçam insuficientes para uma defesa autônoma.
Quanto à Alemanha, Martins lembra que o país é o segundo maior contribuidor de recursos para a Ucrânia, atrás apenas dos Estados Unidos. O novo governo alemão de centro-direita, liderado pelo chanceler Friedrich Merz, adotou uma postura mais dura em relação à Rússia, liberando a produção conjunta de mísseis de longo alcance com a Ucrânia, o que já provocou a irritação do Kremlin.
Apesar das tensões, Martins considera exagerado falar em Terceira Guerra Mundial, embora não descarte a possibilidade de múltiplos conflitos simultâneos em diferentes regiões.