Mesmo que alguns shows tenham sido parcialmente ou completamente cancelados por conta das chuvas e ameaças de raios que pairaram sobre o Autódromo de Interlagos, o público pode presenciar momentos marcantes com as apresentações de alguns dos artistas nacionais e internacionais mais relevantes da música.

CNN separou abaixo cinco shows que marcaram o último final de semana e valem o destaque.

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Miley Cyrus

Miley Cyrus encerra o segundo dia de Lollapalooza no palco principal. / Miley Cyrus / Twitter
Miley Cyrus encerra o segundo dia de Lollapalooza no palco principal. / Miley Cyrus / Twitter

O melhor show dos três dias de festival. Extremamente abalada pela morte do baterista Taylor Hawkins, que era seu amigo próximo, Miley chegou a escrever no Twitter antes do show que "sua mente queria fugir".

"Mas meu coração e alma nunca sairiam do Brasil sem entregar o melhor show possível", acrescentou. Em outra publicação ela escreveu: "Estou apenas me sentindo com o coração partido e “humana” hoje. Mas estou colocando meu traje de super-heroína e vou ser forte, não apenas por vocês, mas por mim!"

Foi com essa energia de super-heroína que Miley subiu ao palco de sábado para o dia com maior público do festival – 103 mil pessoas. Dezenas de milhares de pessoas gritavam e pulavam enquanto ela cantava "We Can't Stop".

Um dos momentos mais comemorados pela plateia veio em “Mother’s Daughter”, que a cantora adicionou ao set apenas porque os fãs brasileiros colocaram a música no top 1 do iTunes.

Ela emendou o final da faixa convidando a estrela brasileira Anitta ao palco. A número 1 do ranking global do Spotify cantou sua música “Boys Don’t Cry” com Miley.

“Eu vou precisar vir ao Brasil mais vezes só para ver a Anitta”, disse a artista americana em outro momento do show.

Anitta dançando durante show de Miley Cyrus no Lollapalooza Brasil, neste sábado (26). / Léo Lopes / Reprodução
Anitta dançando durante show de Miley Cyrus no Lollapalooza Brasil, neste sábado (26). / Léo Lopes / Reprodução

Em um momento mais emocional do show, Miley puxou uma cadeira para a frente do palco. Antes mesmo de começar a falar, ela não conseguiu conter o choro.

Então, a cantora lamentou a perda de Taylor Hawkins, “uma lenda e estrela do rock”. “Quero mandar meus pensamentos mais esperançosos para a família Foo Fighters”, acrescentou.

Ela contou como, há poucos dias, o avião em que ela e a equipe viajavam para o Paraguai foi atingido por um raio e precisou pousar emergencialmente. 

Miley disse que a primeira pessoa para quem ligou foi Taylor, porque ele já estava no país para o mesmo festival. “Eu faria qualquer coisa para estar com ele mais uma vez”, lamentou.

A cantora então dedicou a canção “Angels Like You” para o baterista, que teve uma foto projetada nos telões. A plateia acendeu as lanternas de celulares para acompanhar Miley.

Para encerrar a apresentação, ela separou um trio de hits para que todos fossem embora sem botar defeitos: “The Climb”, “Wrecking Ball” e “Party in the USA”.

Antes de deixar o palco, Miley ainda escolheu o fim de sua turnê na América do Sul para anunciar seu próximo lançamento. “Attention: Miley Live”, um álbum de canções gravadas ao vivo, que chegará às plataformas de streaming no dia 1º de abril.

Homenagem a Taylor Hawkins

Vídeo de solo de bateria de Taylor Hawkins durante show do Foo Fighters no Lollapalooza Brasil de 2012 foi exibido como homenagem. / Léo Lopes / CNN
Vídeo de solo de bateria de Taylor Hawkins durante show do Foo Fighters no Lollapalooza Brasil de 2012 foi exibido como homenagem. / Léo Lopes / CNN

Às 20h30 deste domingo (27), o Foo Fighters estava programado para subir no palco do Lollapalooza Brasil.

Pela morte do baterista Taylor Hawkins, a organização montou uma mega-homenagem, que envolveu depoimentos, gravações do último show do Foo Fighters no Lolla brasileiro, em 2012, e uma série de apresentações artísticas.

O tributo começou com um vídeo de Perry Farrell, vocalista do Jane’s Addiction e criador do Lollapalooza. Dizendo que Taylor era seu melhor amigo e um dos melhores bateristas que conheceu, Perry se emocionou ao contar que aceitou o músico em seu coração “porque ele era uma pessoa pura”.

Em outro momento emocionante, a esposa de Perry, Etty Lau Farrell, compartilhou a última mensagem de áudio que recebeu de Taylor. “Cuidem uns dos outros, e eu vou cuidar de mim. E vou ver vocês em São Paulo. Amo, amo, amo vocês. Durmam bem”, disse o baterista ao casal.

Em 2012, na primeira edição do Lollapalooza no Brasil, o Foo Fighters foi o headliner da primeira noite do evento. Os organizadores exibiram trechos dessa apresentação como parte da homenagem.

Em seguida, o rapper Emicida capitaneou uma série de apresentações que seriam feitas como parte da celebração. A lista de convidados era uma espécie de "all stars" do hip hop brasileiro: Mano Brown, Criolo, Bivolt, Drik Barbosa, Rael, KL Jay, Ice Blue e DJ Niack.

A homenagem começou com um cover de My Hero, cantado pela guitarrista Michele Cordeiro, que também faz parte da banda de Emicida.

“Nossos corações nessa noite vibram e mandam as melhores energias à família do Taylor e à família Foo Fighters”, disse Emicida.

Marcelo D2 durante show do Planet Hemp no Lollapalooza, neste domingo. / Léo Lopes / CNN
Marcelo D2 durante show do Planet Hemp no Lollapalooza, neste domingo. / Léo Lopes / CNN

A banda Planet Hemp também foi convocada para participar da homenagem. No palco, Marcelo D2 lamentou a partida de Taylor e relembrou que a banda ou pelo mesmo.

Em 1994, o até então vocalista do Planet Hemp, Skunk, morreu em decorrência de complicações provocadas pela Aids. “Quando você perde um amigo de banda, você perde um pedaço do teu sonho”, disse D2.

Marcelo D2 ainda aproveitou para fazer coro às manifestações vistas ao longo do dia. Ironizando a decisão do TSE, o músico disse que, como não podia se manifestar, faria uma “homenagem ao Lolla”. Ele puxou a plateia para cantar “Olê, olê, olê, olá, Lolla, Lolla”, mas todos cantaram com a pronúncia referenciando o ex-presidente Lula (PT).

Ao longo do set, o Planet Hemp ressaltava homenagens “a todos aqueles que se foram”. Fotos de artistas como Kurt Cobain, Amy Winehouse, Chico Science e Chorão foram exibidas no telão. A banda encerrou o show com seu sucesso “Mantenha o Respeito”.

Quando todos achavam que a noite havia acabado, a banda Ego Kill Talent foi convidada ao palco. Responsáveis pelos shows de abertura na última agem do Foo Fighters pelo Brasil, a banda tocou um cover de “Everlong”.

O festival foi encerrado de fato com um emocionante vídeo do Foo Fighters apresentando “Best of You” no show de 2012. A plateia que permaneceu até o final cantou como se a banda estivesse ali.

Djonga

Djonga em apresentação no Lollapalooza, neste domingo (28), / Mila Maluhy
Djonga em apresentação no Lollapalooza, neste domingo (28), / Mila Maluhy

O rapper mineiro Djonga pode dizer que saiu do festival com o recorde de críticas ao presidente Jair Bolsonaro feitas no palco.

Diante de uma multidão que o esperava, ele ironizou a decisão do TSE sobre manifestações, disse que gosta de desobedecer e xingou o presidente. “Eu odeio o Bolsonaro. Disseram que não pode falar? Eu vou falar 22 vezes”, disse.

Djonga aproveitava a maior parte do intervalo entre músicas para fazer novas críticas. “Bolsonaro é fraquíssimo”, disse, antes de começar a cantar “Nós”. Ele ainda convidou outro artista mineiro para participar da apresentação. Dono do hit “Se Tá Solteira”, FBC cantou “Gelo”.

Na última música, “Olho de Tigre”, Djonga levantou o público, que foi um dos maiores angariados por um artista nacional no evento. Ele novamente fez diversas falas contra o presidente Bolsonaro e contra o racismo.

O rapper parou a música e gritou: “Eu quero saber se o Lollapalooza odeia racistas. Quem odeia racista levanta a mão. Quem odeia o Bolsonaro levanta a mão”.

Ele ainda afirmou que a frase “fogo nos racistas” é o grito de sua geração e pediu atenção para a causa antirracista. “É hora do Brasil inteiro ouvir esse grito mais importante de todos.”

Em seguida, Djonga desceu do palco e, no meio da plateia, cantou com a multidão os versos “Sensação, sensacional”.

Pabllo Vittar

Pabllo Vittar no palco Adidas, no Lollapalooza / Mila Maluhy
Pabllo Vittar no palco Adidas, no Lollapalooza / Mila Maluhy

Se a maior discussão do final de semana foi sobre censura e a decisão do ministro Raul Araújo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tudo começou porque a drag Pabllo Vittar fez um dos maiores shows da sexta-feira (25) de Lolla.

A artista subiu no palco Adidas para reabrir a programação do festival, após uma tempestade repentina paralisar completamente o festival. Fazendo todo o público dançar no meio da lama, ela abriu a apresentação com seu hit "Buzina".

“Obrigado a todos que não foram embora mesmo com a chuva”, gritou Pabllo.

Acompanhada de seu grupo de dançarinos, a cantora, que também é atração confirmada do festival Coachella nos EUA, fez todos cantarem desde suas músicas mais antigas, até as do “Batidão Tropical”, seu último álbum.

Constantemente se posicionando politicamente nas redes sociais, durante a apresentação Pabllo desceu para a plateia e balançou uma toalha com o rosto do ex-presidente Lula (PT) – o estopim para toda a discussão no TSE.

A artista ainda apresentou pela primeira vez "Follow Me", seu mais recente lançamento, gravada com Rina Sawayama. O show foi encerrado com o hit "K.O.", mas foi parcialmente atrapalhado por uma falha técnica, que deixou o microfone de Pabllo mudo por alguns segundos.

Jão

Jão se apresenta no Lollapalooza com polvo cenográfico no palco, neste sábado (27), / Camila Cara
Jão se apresenta no Lollapalooza com polvo cenográfico no palco, neste sábado (27), / Camila Cara

O artista nacional com apresentação mais elaborada em termos de cenografia foi do paulista de 27 anos, Jão. O cantor subiu ao palco Onix, na tarde de sábado, no meio de um gigantesco polvo inflável, e se apresentou para o maior público do dia, até aquele momento.

Ele já havia dito à CNN que queria conquistar inclusive aqueles que não o conheciam, e a tarefa pode ser considerada bem-sucedida.

Suas principais músicas, como “Vou Morrer Sozinho”, e “Idiota”, por exemplo, fizeram uma multidão pular acompanhando o cantor vestido de cetim. Jão contou que foi ao Lollapalooza em 2017 para assistir ao show do cantor canadense The Weeknd, e desde então sonhava em se apresentar no festival.

O artista também endossou os gritos contra o presidente Bolsonaro que surgiam entre as músicas. Pontuando que seu público, em grande maioria, tem entre 16 e 17 anos, o artista incentivou que todos tirem título de eleitor. O prazo se encerra em 4 de maio. “Não adianta gritar e não votar”, disse Jão.

Ele encerrou a apresentação com seu hit do TikTok, "Idiota".

Surpresa para alguns e momento desesperadamente aguardado para outra parte do público, aqueles que deixavam o palco após o show de Jão relataram à CNN unanimemente que foi um dos melhores momentos do sábado.

Jão se apresenta no palco Onix do Lollapalooza. / CAMILA CARA
Jão se apresenta no palco Onix do Lollapalooza. / CAMILA CARA

Esta matéria faz parte de uma série de reportagens que serão produzidas pela CNN e envolvem a primeira edição pós-Covid do Lollapalooza Brasil. Todas as produções podem ser encontradas clicando aqui.

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