/ Reprodução/Mari Palma
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Atenção pro “só conheço eles DE NOME”. Uma pequena parte de mim sentiu bastante a idade lendo isso. Pequena nada, vai; uma parte bem grande. Como assim existe alguém que só conheça 'NSync de nome? Infelizmente, não tô falando só de uma pessoa, mas muitas. Todas provavelmente julgando a gente de leve agora por causa dessa comoção gigantesca. Resolvi, então, trazer esse assunto pra cá pra explicar um pouco o que era ser fã do 'NSync nos anos 90 e aí, no fim desse texto, você que é da geração Z, me diz se sentiu o mesmo com One Direction.

Já queria começar com polêmica dizendo que vocês que têm crush hoje no Harry Styles (e eu entendo porque também tenho) nunca vão entender o que é ter crush em um Justin Timberlake novinho, de cabelo enroladinho com luzes. Mas, ao contrário de hoje que dá pra ver o ídolo a hora que quiser no YouTube, naquela época a gente precisava esperar a hora do Disk MTV. E era uma vez só, não dava pra voltar e ver de novo. Então eu ficava plantada na frente da TV esperando ansiosamente a chamada de algum clipe do 'NSync pra poder ser feliz naqueles 3 minutinhos olhando pra cara do Justin. E aí no dia seguinte fazia tudo de novo.

Até o dia em que eu comecei a fazer algo que a geração Z talvez nem saiba o que é: gravar a programação da TV em FITAS. Sim, existia um aparelho que fazia isso: era só apertar REC na hora do que você queria gravar e pronto, você tinha uma fita pra ver a hora que quisesse. E eu tinha uma coleção dessas fitas, todas etiquetadas com coraçõezinhos em cores diferentes e, claro, o conteúdo na descrição: “clipes do 'NSync”, “especial da MTV”, “entrevista no programa X” etc. Vê-se que meu talento pra organização vem dessa época.

Esse era também um jeito de ficar mais próxima deles, afinal, não tinha Instagram também. Hoje é só abrir os stories da pessoa e ela tá lá conversando com você e te mostrando um pouco do dia a dia dela. Antes não era assim, por isso esses programas de TV eram tão marcantes pra quem era fã. Principalmente os documentários que mostravam os bastidores dos shows e gravações - lembro que eu ficava voltando várias vezes algumas cenas só pra ver mais uma vez um detalhe porque era muito difícil ter o àquele tipo de conteúdo. Isso explica porque eu fiquei tão brava quando a minha mãe gravou uma novela em cima de uma fita minha, mas essa é uma história pra outra hora (e a gente já fez as pazes).

Bom, se já era difícil acompanhar o grupo favorito, imagina ter o a outros artistas. Era uma época também de menos possibilidades nesse sentido, o que ajudava os que já estavam no topo a continuarem lá. Não tinha tanta concorrência pro 'NSync como hoje teria porque a gente não tinha o a tantas novidades no Spotify ou Youtube, por exemplo. Isso fez com que eles ficassem em evidência por muitos e muitos anos, assim como Backstreet Boys, Britney Spears e tantos outros artistas pop daquela geração. E por isso também eles acompanharam a gente por muito tempo, o que, de certa maneira, explica um pouco da comoção que tá rolando hoje.

Não tem nada além de uma reunião e uma música inédita, nenhum show ou turnê confirmados, mas já foi suficiente pra muita gente trazer de volta aquele sentimento gostoso de fã. E mais do que isso: é muito legal ver o rosto dos nossos ídolos depois de tanto tempo e ver que eles também cresceram, seguiram caminhos diferentes e hoje tem uma vida “de adulto” - o que não impede que eventualmente a gente volte um pouco no tempo pra curtir uma época que foi tão boa. Se o que os fãs do One Direction sentem ou sentiram é parecido, eu não sei. Mas fico feliz que cada geração tenha a sua boyband e um crush pra chamar de seu. Mais feliz ainda porque foi meu crush que ditou a moda jeans com jeans - e aqui eu não tô falando do Justin (um final que só os millennials vão entender, desculpa).

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