No início deste ano, o Ministério da Educação (MEC) divulgou que apenas 12 redações conquistaram a nota máxima na edição do Enem no ano ado. O número é significativamente menor que o registrado em 2023, quando 60 estudantes alcançaram esse resultado. “A banca ficou mais rigorosa na análise dos critérios de avaliação, especialmente na Competência 2”, afirma Sérgio Paganim, professor de Redação do Curso Anglo.
A Competência 2 do Enem avalia a capacidade do candidato de compreender a proposta de redação e desenvolver o tema dentro dos limites da tipologia dissertativo-argumentativa, utilizando conceitos de diversas áreas de conhecimento e demonstrando repertório sociocultural.
Corrigir alguns erros durante os treinos pode fazer a diferença no dia da prova - e ajudar a alcançar a tão desejada pontuação máxima na redação do Enem. O professor do Anglo sugere algumas dicas:
Paganim destaca que é preciso trazer repertório diferente do que consta da coletânea da redação e da prova de linguagens e de ciências humanas. “Fundamentar a argumentação exclusivamente em elementos da coletânea e em textos da prova do primeiro dia vai tirar pontos da Competência 2 e, portanto, distanciar o texto da nota 1.000”, avisa.
Os posicionamentos, no Enem, precisam apontar causas e/ou efeitos da situação-problema. O ponto de vista é delimitado a partir disso. “Sem essa definição clara, bem alocada na introdução, o texto perde em direcionamento, em clareza, e em estruturação”, descreve o docente.
Isso envolve também usar repertórios que não tenham a ver com o ponto de vista delimitado na introdução da redação. São erros que vão gerar o que a banca tem chamado de “repertório de bolso” ou “repertório-coringa”: citações e conceitos sem conexão profunda com o tema e colocados no texto de maneira muito artificial. De nada adianta citar um pensador como Paulo Freire, Adorno, Platão, ou mesmo a Constituição Federal, se esses repertórios estiverem pouco articulados com a tese, ou seja, com as causas, com as consequências da situação-problema que o autor do texto desenvolveu.
Erros de concordância verbal, vírgula ou os de convenções de escrita, como ortografia e acentuação, entre outros, também afastam o texto da nota máxima. Já a linguagem apreciada na redação do Enem deve ser simples e sem rebuscamentos.
Se a intervenção apresentada para a temática não for estruturada com clareza nos cinco elementos - o agente, a ação, um meio de essa ação ser executada, uma finalidade e o detalhamento de um desses quatro elementos -, o texto terá descontos na Competência 5. É preciso evidenciar as marcas linguísticas que indiquem cada um deles, como verbo no infinitivo para a ação, ou conectores como “por meio de” e “a fim de que” para o meio e a finalidade, respectivamente. A Competência 5 trata da elaboração de uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos e precisa ser coerente com a análise do problema que foi desenvolvida.