Mais do que ensinar as primeiras letras e noções básicas de história e geografia, ela lutou pela inclusão educacional de mulheres e crianças — a maioria em situação de vulnerabilidade social. Anália também foi precursora da escola maternal — conceito que hoje corresponde à educação infantil, primeira etapa da educação básica, destinada a crianças de 0 a 5 anos. 

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Embora tenha nascido no Rio de Janeiro, mudou-se ainda pequena com a família para o estado de São Paulo, onde viveu em várias cidades do interior. Aos 15 anos, já dava aulas. 

Após formar-se professora pelo Curso Normal, ou a militar em favor das crianças negras, especialmente após a promulgação da Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. Apesar de a lei, em tese, garantir liberdade a todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir daquela data, as crianças permaneciam sob o controle dos senhores de suas mães até os oito anos — o que frequentemente resultava em abusos e negligência. 

Enquanto buscava mobilizar mulheres fazendeiras para amparar essas crianças — muitas das quais, sem apoio, recorriam à mendicância —, Anália criou a Casa Maternal, um espaço de acolhimento. 

Mais tarde, expulsa do local onde a Casa havia sido instalada, decidiu mudar-se para a capital paulista. Lá, fundou uma escola pública e um abrigo para crianças, dando início ao seu legado na área da educação. 

Luta pelo o à educação

Além da atuação abolicionista, Anália desenvolveu projetos voltados a mulheres e mães trabalhadoras, pobres ou marginalizadas, ampliando suas ações também para órfãos e crianças em situação de risco. A educação e a capacitação profissional sempre estiveram no centro de seu trabalho, como formas de oferecer instrumentos de desenvolvimento pessoal e transformação social. 

Em 1901, fundou a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, voltada ao apoio de mulheres e crianças. Dois anos depois, lançou a revista mensal A Voz Maternal, com tiragem de 6 mil exemplares, impressos em oficinas próprias. 

Anália criou creches, bibliotecas, escolas noturnas, oficinas profissionalizantes, asilos, liceus, abrigos, centros de atendimento médico e oficinas de trabalho. Também atuou como jornalista, poetisa e escritora. 

Fundou mais de 100 creches-escolas no estado de São Paulo. Para manter suas instituições, organizou um grupo de teatro e uma banda compostos apenas por meninas adolescentes e jovens, com os quais viajava pelo interior realizando apresentações. Escreveu diversas obras didáticas e manuais que incentivavam o ensino escolar e domiciliar para meninas com o à educação formal. 

Preocupava-se não apenas com o o à educação, mas também com a metodologia de ensino. Inspirada por educadores europeus, como o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) e a sa Marie Pape-Carpantier (1815-1878), buscava aplicar práticas pedagógicas inovadoras voltadas à aprendizagem significativa. 

Anália Franco faleceu em 1919, vítima da gripe espanhola, enquanto se preparava para fundar uma nova instituição no Rio de Janeiro — posteriormente inaugurada por seu marido, Francisco Antônio Bastos. Embora não tenha tido filhos, lutou por toda a vida por ações que beneficiassem mães e crianças.

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