Em outros tempos, ela teve um papel semelhante ao da Selic (taxa básica de juros), de instrumento para controle das taxas de juros e da inflação.

Hoje, além da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia, a TR ainda é usada para investimentos relacionados a fundos imobiliários e títulos de capitalização.

Saiba como é calculada a TR e como ela impacta essas aplicações.

 

Leia mais sobre investimentos

O que é a Taxa Referencial (TR)?

Afinal, o que é TR (Taxa Referencial)? / Shutterstock
Afinal, o que é TR (Taxa Referencial)? / Shutterstock

A TR exercia um papel semelhante ao da Selic na tentativa de controlar a inflação por meio das taxas de juros da economia.

A TR foi criada nos anos 1990, durante o governo Collor, com o objetivo de conter a tendência de indexação dos preços e salários e para combater a alta inflação no país durante o período.

Atualmente, essa taxa perdeu a relevância para o cálculo dos juros, mas se mantém como um importante indexador do Banco Central para alguns investimentos muito comuns entre os brasileiros, como a poupança.

Como calcular a TR?

O valor da TR é calculado diariamente e é sempre um pouco menor que o da Taxa Básica Financeira (TBF).

Esta, por sua vez, é calculada com base nas taxas médias praticadas entre os investidores nas negociações de títulos públicos prefixados, que são as Letras do Tesouro Nacional (LTN).

As operações que determinam o valor da TBF e, consequentemente, da TR são registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

A partir de 2018, a TR ou a ter como referência a taxa média dos CDBs (certificados de depósito bancário) e dos RDBs (recibos de depósitos bancários) prefixados emitidos nos últimos 30 dias.

A taxa pode ser calculada pelo site do Banco Central.

Diferença entre TR diária e TR mensal

A diferença entre as duas é que a TR diária representa o valor do índice a cada dia, enquanto a TR mensal é a soma de todas as TRs diárias do mês dividido pelo número de dias daquele mês.

Ou seja, são duas variações da mesma taxa, mas que são usadas em contextos e com propósitos diferentes.

A TR mensal é a mais utilizada no mercado, em situações como a correção de investimentos que permanecem aplicados ao longo dos 30 dias de um mês e nos cálculos de poupança e FGTS.

Já a TR diária é usada na hora de fazer o cálculo do resgate de investimentos que ficaram aplicados por menos de 30 dias e para fazer projeções econômicas.

Como a TR impacta seus investimentos?

Como a taxa TR impacta seus investimentos? / Shutterstock
Como a taxa TR impacta seus investimentos? / Shutterstock

A TR é uma taxa de juros de referência e, por ser um indicador geral usado na economia brasileira, acaba influenciando no rendimento de determinadas aplicações, veja:

A TR e a poupança

Desde 2012, a poupança oferece duas possibilidades de rendimento. Em ambos os casos, a TR é usada como indexador junto com a Selic.

Para momentos em que a Selic está igual ou abaixo de 8,5%, a conta que deve ser feita para calcular a rentabilidade do investimento é 70% da Selic mais a Taxa Referencial.

Porém, se a Selic estiver acima de 8,5%, a conta é outra. A rentabilidade será de 0,5% sobre o valor depositado mais a TR.

Anteriormente, havia apenas um cálculo para a rentabilidade da poupança. A remuneração era de 0,5% ao mês mais a TR. Os contratos feitos antes de maio de 2012 ainda obedecem a essa regra.

A TR e o FGTS

A rentabilidade do FGTS é de 3% ao ano sobre o valor depositado mais a TR.

A TR e os títulos de capitalização

Os títulos de capitalização também consideram a TR, mas, ao contrário da poupança, a maioria deles tem a Taxa Referencial como única usada para atribuir rentabilidade, e ela só é aplicada quando o título fica depositado até o vencimento.

A TR e o financiamento imobiliário

Apesar de os contratos de financiamento imobiliário estarem mais atrelados ao IGP-M, a TR ainda é usada em alguns casos para ajustar os valores cobrados para esse tipo de crédito. Nesse caso, somam-se os juros do financiamento à TR do período.

A TR e os títulos públicos

Atualmente, não há mais produtos com rentabilidade que usam a TR. Por isso, a relação da taxa referencial aos títulos públicos é nula, com exceção a títulos como o Notas do Tesouro Nacional série H (NTN-H) e Notas do Tesouro Nacional série P (NTN-P).

Embora estes não sejam mais negociados, eles podem fazer parte de algumas carteiras de investimentos, tendo sua rentabilidade atrelada à TR.

A TR e a inflação

Por ser um indicador geral para aplicações financeiras e operações de crédito, a TR é utilizada para corrigir os valores ao longo do tempo. Em alguns casos, é usada como parâmetro de índice de inflação.

Dependendo do cenário econômico, buscar por investimentos com base na TR pode levar o investidor a prejuízos, não só na aplicação na poupança, mas também em outros rendimentos.

Dados históricos da Taxa Referencial

Desde que foi criada, em 1991, a Taxa Referencial alcançou patamares exorbitantes. Durante o seu primeiro ano, a TR rendeu cerca de 355%, sendo que o valor ou para 1.156% no ano seguinte e a 2.474% em 1993, o seu maior patamar histórico.

A partir da criação do Plano Real, em 1994, que estabilizou a economia e a inflação no país, o valor da TR começou a cair gradativamente.

Ainda assim, a taxa chegou ao patamar de 951% naquele ano, pois a economia ainda estava muito exposta aos riscos da indexação.

Por fim, a partir de 1995, com a consolidação do novo plano monetário, a taxa começou a perder valor conforme os juros do mercado começaram a diminuir, intensificando o movimento de queda e hoje a taxa é estável.

Impactos da TR na economia

No ado, a Taxa Referencial foi dominante e era usada como base para a atualização monetária de investimentos e contratos em geral.

Com o ar dos anos, outros indicadores assumiram esse papel, mas mesmo assim a TR continua sendo muito presente, pois é referência para as aplicações financeiras mais disseminadas entre os brasileiros, como a poupança, por exemplo.

O mesmo acontece com outros tipos de contrato, como o FGTS, os títulos de capitalização, o financiamento imobiliário e os títulos públicos.

Por que a TR fica zerada?

A Taxa Referencial muitas vezes fica zerada, pois, quando ela foi criada, o Banco Central do Brasil estabeleceu que ela não poderia nunca ficar negativa, fazendo com que, sempre que situações assim acontecem, ela seja zerada automaticamente.

Trata-se de um mecanismo para evitar que a taxa acabe resultando em rendimentos negativos nos investimentos.
Portanto, quando a TR fica zerada, os investimentos am a ser baseados em outros indexadores, como a taxa Selic, por exemplo.

Os valores da TR anual e mensal

Confira os valores da TR anual e mensal em 2022:

Mês de referência    TR do mês     Acumulado dos últimos 12 meses Acumulada para 2022    
Janeiro0,06%0,11%0,06%
Fevereiro0,00%0,11%0,06%
Março0,10%0,21%0,16%
Abril0,06%0,26%0,21%
Maio0,17%0,43%0,38%
Junho0,15%0,58%0,53%
Julho0,16%0,74%0,69%
Agosto0,24%0,98%0,94%
Setembro0,18%1,17%1,12%
Outubro0,15%1,32%1,27%

Qual é o valor da TR hoje?

Para consultar a taxa referencial hoje, você deve ar a Calculadora do Cidadão, uma plataforma disponibilizada pelo Banco Central.

A ferramenta é utilizada para simular reajustes e rendimentos de aplicações que utilizam esse indicador como referência, seja ele um investimento ou financiamento, mas você também pode utilizá-la para consultar qual é o valor da taxa referencial diariamente.

Acompanhe as principais notícias do cenário político e mercado financeiro aqui na CNN!

Resumo

Acompanhe Economia nas Redes Sociais
Tópicos
FGTSInvestimentosPoupança