Em outros tempos, ela teve um papel semelhante ao da Selic (taxa básica de juros), de instrumento para controle das taxas de juros e da inflação.
Hoje, além da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia, a TR ainda é usada para investimentos relacionados a fundos imobiliários e títulos de capitalização.
Saiba como é calculada a TR e como ela impacta essas aplicações.
A TR exercia um papel semelhante ao da Selic na tentativa de controlar a inflação por meio das taxas de juros da economia.
A TR foi criada nos anos 1990, durante o governo Collor, com o objetivo de conter a tendência de indexação dos preços e salários e para combater a alta inflação no país durante o período.
Atualmente, essa taxa perdeu a relevância para o cálculo dos juros, mas se mantém como um importante indexador do Banco Central para alguns investimentos muito comuns entre os brasileiros, como a poupança.
O valor da TR é calculado diariamente e é sempre um pouco menor que o da Taxa Básica Financeira (TBF).
Esta, por sua vez, é calculada com base nas taxas médias praticadas entre os investidores nas negociações de títulos públicos prefixados, que são as Letras do Tesouro Nacional (LTN).
As operações que determinam o valor da TBF e, consequentemente, da TR são registradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
A partir de 2018, a TR ou a ter como referência a taxa média dos CDBs (certificados de depósito bancário) e dos RDBs (recibos de depósitos bancários) prefixados emitidos nos últimos 30 dias.
A taxa pode ser calculada pelo site do Banco Central.
A diferença entre as duas é que a TR diária representa o valor do índice a cada dia, enquanto a TR mensal é a soma de todas as TRs diárias do mês dividido pelo número de dias daquele mês.
Ou seja, são duas variações da mesma taxa, mas que são usadas em contextos e com propósitos diferentes.
A TR mensal é a mais utilizada no mercado, em situações como a correção de investimentos que permanecem aplicados ao longo dos 30 dias de um mês e nos cálculos de poupança e FGTS.
Já a TR diária é usada na hora de fazer o cálculo do resgate de investimentos que ficaram aplicados por menos de 30 dias e para fazer projeções econômicas.
A TR é uma taxa de juros de referência e, por ser um indicador geral usado na economia brasileira, acaba influenciando no rendimento de determinadas aplicações, veja:
Desde 2012, a poupança oferece duas possibilidades de rendimento. Em ambos os casos, a TR é usada como indexador junto com a Selic.
Para momentos em que a Selic está igual ou abaixo de 8,5%, a conta que deve ser feita para calcular a rentabilidade do investimento é 70% da Selic mais a Taxa Referencial.
Porém, se a Selic estiver acima de 8,5%, a conta é outra. A rentabilidade será de 0,5% sobre o valor depositado mais a TR.
Anteriormente, havia apenas um cálculo para a rentabilidade da poupança. A remuneração era de 0,5% ao mês mais a TR. Os contratos feitos antes de maio de 2012 ainda obedecem a essa regra.
A rentabilidade do FGTS é de 3% ao ano sobre o valor depositado mais a TR.
Os títulos de capitalização também consideram a TR, mas, ao contrário da poupança, a maioria deles tem a Taxa Referencial como única usada para atribuir rentabilidade, e ela só é aplicada quando o título fica depositado até o vencimento.
Apesar de os contratos de financiamento imobiliário estarem mais atrelados ao IGP-M, a TR ainda é usada em alguns casos para ajustar os valores cobrados para esse tipo de crédito. Nesse caso, somam-se os juros do financiamento à TR do período.
Atualmente, não há mais produtos com rentabilidade que usam a TR. Por isso, a relação da taxa referencial aos títulos públicos é nula, com exceção a títulos como o Notas do Tesouro Nacional série H (NTN-H) e Notas do Tesouro Nacional série P (NTN-P).
Embora estes não sejam mais negociados, eles podem fazer parte de algumas carteiras de investimentos, tendo sua rentabilidade atrelada à TR.
Por ser um indicador geral para aplicações financeiras e operações de crédito, a TR é utilizada para corrigir os valores ao longo do tempo. Em alguns casos, é usada como parâmetro de índice de inflação.
Dependendo do cenário econômico, buscar por investimentos com base na TR pode levar o investidor a prejuízos, não só na aplicação na poupança, mas também em outros rendimentos.
Desde que foi criada, em 1991, a Taxa Referencial alcançou patamares exorbitantes. Durante o seu primeiro ano, a TR rendeu cerca de 355%, sendo que o valor ou para 1.156% no ano seguinte e a 2.474% em 1993, o seu maior patamar histórico.
A partir da criação do Plano Real, em 1994, que estabilizou a economia e a inflação no país, o valor da TR começou a cair gradativamente.
Ainda assim, a taxa chegou ao patamar de 951% naquele ano, pois a economia ainda estava muito exposta aos riscos da indexação.
Por fim, a partir de 1995, com a consolidação do novo plano monetário, a taxa começou a perder valor conforme os juros do mercado começaram a diminuir, intensificando o movimento de queda e hoje a taxa é estável.
No ado, a Taxa Referencial foi dominante e era usada como base para a atualização monetária de investimentos e contratos em geral.
Com o ar dos anos, outros indicadores assumiram esse papel, mas mesmo assim a TR continua sendo muito presente, pois é referência para as aplicações financeiras mais disseminadas entre os brasileiros, como a poupança, por exemplo.
O mesmo acontece com outros tipos de contrato, como o FGTS, os títulos de capitalização, o financiamento imobiliário e os títulos públicos.
A Taxa Referencial muitas vezes fica zerada, pois, quando ela foi criada, o Banco Central do Brasil estabeleceu que ela não poderia nunca ficar negativa, fazendo com que, sempre que situações assim acontecem, ela seja zerada automaticamente.
Trata-se de um mecanismo para evitar que a taxa acabe resultando em rendimentos negativos nos investimentos.
Portanto, quando a TR fica zerada, os investimentos am a ser baseados em outros indexadores, como a taxa Selic, por exemplo.
Confira os valores da TR anual e mensal em 2022:
Mês de referência | TR do mês | Acumulado dos últimos 12 meses | Acumulada para 2022 |
Janeiro | 0,06% | 0,11% | 0,06% |
Fevereiro | 0,00% | 0,11% | 0,06% |
Março | 0,10% | 0,21% | 0,16% |
Abril | 0,06% | 0,26% | 0,21% |
Maio | 0,17% | 0,43% | 0,38% |
Junho | 0,15% | 0,58% | 0,53% |
Julho | 0,16% | 0,74% | 0,69% |
Agosto | 0,24% | 0,98% | 0,94% |
Setembro | 0,18% | 1,17% | 1,12% |
Outubro | 0,15% | 1,32% | 1,27% |
Para consultar a taxa referencial hoje, você deve ar a Calculadora do Cidadão, uma plataforma disponibilizada pelo Banco Central.
A ferramenta é utilizada para simular reajustes e rendimentos de aplicações que utilizam esse indicador como referência, seja ele um investimento ou financiamento, mas você também pode utilizá-la para consultar qual é o valor da taxa referencial diariamente.
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