"O ex-sócio [Paper] fez um grande investimento, saiu com um retorno extraordinário, não foi um acordo que saiu com um prejuízo ou com qualquer coisa do tipo. Ao contrário, saiu com um retorno muito bom, foi um grande investimento. Ficamos super felizes porque o que nós gostamos de fazer é trabalhar, não brigar", enfatizou o acionista e membro do conselho da JBS e em entrevista exclusiva ao âncora do CNN Money Fernando Nakagawa.
Wesley Batista é categórico ao afirmar que não houve uma bala de prata para convencer o lado de lá: “Essas coisas são um processo", explicou.
Em setembro de 2017, a J&F vendeu 49,41% das ações da Eldorado por R$ 3,8 bilhões, além de fechar um acordo de venda das ações restantes, desde que a multinacional sino-indonésia assumisse algumas obrigações, como as dívidas da empresa de celulose que estavam em nome da holding dos irmãos Batista.
Um ano depois, a Paper Excellence inicia o litígio e recorre à Justiça, alegando que a J&F e a Eldorado não deram as condições necessárias para que a empresa pudesse cumprir com as obrigações de adquirir as ações restantes da companhia de celulose.
O caso ou por uma arbitragem que foi vencida pela Paper. A J&F pediu a anulação do processo, apontando espionagem por parte da multinacional de 70 mil e-mails trocados com os advogados do caso durante a arbitragem; a relação de um dos árbitros com a Paper Excellence; e a ilegalidade das ordens contidas na sentença.
"Desde o início da disputa, nós procuramos e falamos com a parte, com o ex-sócio, que era muito simples de nós paramos com aquilo. Nós não temos disputas na nossa trajetória empresarial. Muito raramente ocorreu alguma divergência, e nós desde o início da palavra fomos muito simples: quem der mais na parte um do outro leva", relatou Wesley.
A disputa teve idas e vindas por todas as instâncias do Judiciário até que um acordo fosse assinado no dia 15 de maio. Pelo acordo, a J&F adquire os 49% da Eldorado detidos pela multinacional sino-indonésia por mais de R$ 15 bilhões, assim, conquistando sua totalidade.
A vitória judicial leva a holding dos irmãos Batista a se consolidar como o maior grupo empresarial do Brasil, com faturamento de R$ 434 bilhões em 2024 e R$ 340 bilhões em ativos.
O empresário analisa esses últimos anos de disputa como uma "perda de energia e de tempo", algo que impediu o andamento deste processo de expansão e crescimento da J&F.
"Bom, mas tudo isso é um processo. No começo, nos descuidamos, literalmente, descuidamos do processo. Ficou um pouco no piloto automático, eles largaram na nossa frente, conseguindo algumas vitórias ilegítimos. Depois que nós questionamos e a coisa foi se revertendo", relembrou.
"Na medida que foi se revertendo, eu acho que foi ficando mais claro que essa disputa ia terminar desfavorável ao lado do ex-sócio, e aí acabamos chegando num acordo."
Além do setor de celulose, a J&F também está presente nos setores de alimentos, mineração, energia, cosméticos e limpeza, ecossistema financeiro e comunicação. Questionado se a holding estaria disposta de abrir mão de alguma dessas posições, Wesley é direto: "Não".
"Nós somos felizes com todos os segmentos que nós temos e não temos plano, intenção de sair de nenhum deles. A não ser que precise. Como a gente diz aqui: 'se precisar, nós voltamos para o Goiás para matar 60 bois por dinheiro'. Mas não é o caso, o grupo está super bem financeiramente", apontou.
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