Em entrevista à CNN, Bruce Douglas, CEO da Global Renewables Alliance, detalhou os principais entraves que têm dificultado o avanço dessa agenda e sugeriu caminhos para acelerar a transição energética.
Entre os maiores obstáculos, Douglas destaca a lentidão nos processos de licenciamento e na concessão de permissões para novos projetos. Em alguns casos, essas etapas chegam a demorar mais que a própria construção das usinas.
Outro gargalo está na infraestrutura de transmissão. Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) mostram que mais de 3 mil gigawatts (GW) em projetos de energia renovável estão parados, aguardando conexão à rede elétrica — o equivalente à capacidade instalada em todo o mundo nos últimos 15 anos.
Fontes renováveis são aquelas que não se esgotam com o uso e emitem pouco ou nenhum carbono, causando menor impacto ambiental. Energia solar, eólica e hidrelétrica já respondem por parte relevante da geração elétrica em vários países e ocupam posição central nas estratégias de descarbonização da economia global.
Para alcançar a meta estabelecida em Dubai, será necessário adicionar, em média, cerca de 1.000 GW por ano entre 2025 e 2030. Em 2023, o mundo bateu recorde ao instalar 560 GW em capacidade renovável.
Douglas também ressaltou a importância de políticas públicas que deem segurança aos investidores, incluindo metas claras nos planos energéticos nacionais e apoio na fase inicial de projetos.
“O caminho é governo e setor privado trabalharem juntos”, diz.
Visando fortalecer a parceria entre governo e setor privado, a Global Renewables Alliance lançou, na última quinta-feira (5), em Brasília, a Coalizão COP30.
O grupo pretende destacar o papel do Brasil como liderança climática e impulsionar investimentos internacionais em energias renováveis.
As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) são compromissos voluntários que os países assumiram dentro do Acordo de Paris para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e enfrentar as mudanças climáticas.
Na prática, elas funcionam como um roteiro que orienta as ações governamentais para tornar o país mais sustentável, definindo metas específicas, prazos e estratégias para ampliar o uso de energias limpas.
Até fevereiro de 2025, cerca de 190 países tinham o prazo para enviar ou atualizar suas NDCs, mas, devido à baixa adesão e à necessidade de mais tempo para elaboração de planos mais detalhados, a ONU estendeu esse prazo até setembro. Até o momento, apenas 21 países apresentaram o documento.
Bruce enfatiza que essas metas precisam ser robustas, ambiciosas e detalhadas. Só assim será possível transformar os objetivos globais em ações reais, com cronogramas, recursos e coordenação.
“É extremamente importante termos uma meta global para triplicar as renováveis até 2030. Mas isso, por si só, não é suficiente. Agora, precisamos de NDCs ambiciosas e específicas, que traduzam os compromissos globais em planos nacionais e projetos locais”, afirmou Douglas.
Sem planos nacionais bem estruturados, a meta de triplicar as energias renováveis corre o risco de permanecer apenas no discurso, na avaliação do CEO.
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