A companhia marítima dinamarquesa introduziu inicialmente uma pausa de 48 horas nos trânsitos através do Mar Vermelho a partir de domingo (31), após o ataque de fim de semana por militantes Houthi ao Maersk Hangzhou.

“Uma investigação sobre o incidente está em andamento e continuaremos a pausar todo o movimento de carga na área enquanto avaliamos melhor a situação em constante evolução”, disse a Maersk em comunicado na terça-feira (2).

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A suspensão prolongada reflete a preocupação entre as grandes empresas de navegação sobre os ataques a navios no Mar Vermelho por rebeldes iemenitas Houthi apoiados pelo Irã, que alegam estar se vingando de Israel pela sua campanha militar contra o Hamas.

Uma campanha prolongada visando navios comerciais poderia perturbar a economia global, atrasando as entregas de bens, combustível e alimentos, e aumentando os preços.

A abordagem aconteceu poucos dias depois de a Maersk ter retomado a navegação na área, após o estabelecimento de uma missão naval internacional liderada pelos Estados Unidos para proteger a navegação.

A companhia informou que parte dos navios serão redirecionados para a rota que contorna o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul.

Um calendário publicado no website da Maersk na segunda-feira (1º) mostrou que mais de 100 dos seus navios que navegam nas próximas semanas foram desviados.

O Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, normalmente transporta até 30% do comércio global marítimo.

Outras grandes empresas de transporte marítimo também pararam de usar a hidrovia crítica devido aos ataques dos Houthis, incluindo Hapag-Lloyd, Evergreen Line e MSC Mediterranean Shipping Company.

A perturbação nas cadeias de abastecimento globais já está aumentando os custos de transporte e prolongando prazos de entrega.

“As viagens mais longas para serviços desviados significam prazos de entrega mais longos para os importadores e alguma ameaça de congestionamento portuário, embora até agora não tenha havido relatos de atrasos”, disse Judah Levine, chefe de pesquisa da empresa de logística Freightos.

Ataque à embarcação

“Após o ataque inicial, quatro barcos aproximaram-se do Maersk Hangzhou e abriram fogo na tentativa de abordar o navio”, disse a empresa.

Os militares dos EUA disseram que seus helicópteros responderam aos pedidos de socorro do navio e afundaram três barcos operados pelos Houthis, matando os que estavam a bordo. Uma quarta embarcação fugiu da área.

A empresa sa CMA CGM disse na semana ada que aumentaria gradualmente o número de navios que transitam pelo Canal de Suez. A empresa se recusou a comentar mais na terça-feira, retomando seu comunicado de 26 de dezembro à CNN.

Entretanto, a Hapag Lloyd da Alemanha disse que os seus navios continuariam a navegar ao redor do Cabo da Boa Esperança, dados os “incidentes” dos últimos dias.

“Monitoramos a situação de perto, dia após dia, mas continuaremos a redirecionar nossos navios até 9 de janeiro”, quando a posição será revista novamente, disse um porta-voz da empresa à CNN na terça-feira.

Taxas e ações disparam

As ações da Maersk e da Hapag-Lloyd subiram no primeiro dia de negociação do novo ano, provavelmente impulsionadas pelas expectativas de que as empresas serão capazes de garantir taxas de envio mais altas em 2024.

A Hapag-Lloyd foi negociada em alta de 3,6% às 13h30 (Horário de Brasília) de segunda-feira, enquanto a Maersk ganhou 6,4%.

Ambas as empresas anunciaram novas tarifas nas últimas semanas para transportar mercadorias ao longo das rotas comerciais mais movimentadas do mundo.

De acordo com dados da Freightos, o custo para transportar um contêiner comum de 40 pés de Xangai para Nova York subiu para uma média de quase US$ 5.000 (R$ 24.593,50) esta semana, acima dos US$ 3.500 (R$ 17.215,45) em meados de dezembro.

Enviar um carregamento do mesmo tamanho de Xangai para Roterdã, o porto mais movimentado da Europa nos Países Baixos, custará cerca de US$ 2.400 (R$ 11.804,88), acima dos US$ 1.800 (R$ 8.853,66) em meados de dezembro.

Os “preços totais” de US$ 5.000 a US$ 8.000 (R$ 39.349,60) por contêiner para as principais rotas comerciais com origem na Ásia seriam 2,5 a 4 vezes acima dos “níveis normais” para esta época do ano, de acordo com Levine da Freightos.

Embora seja um aumento significativo, ainda está de 45% a 75% abaixo do “pico pandêmico” no final de 2021, acrescentou.

Veja também: Ataques no Mar Vermelho ameaçam economia global

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