Em notas distintas, as entidades criticam a medida, que entrou em vigor nesta quarta-feira (4), e alertam para a escalada da tensão comercial em curso no cenário internacional.

O Aço Brasil diz que a elevação da tarifa, de 25% para 50%, "agrava o já delicado cenário global do setor, caracterizado pelo excesso de capacidade na ordem de 620 milhões de toneladas. A medida intensifica práticas protecionistas e compromete a estabilidade do comércio internacional de aço".

Já a Abal pondera que "a decisão americana amplia o cenário de incertezas e reforça a importância de instrumentos de defesa comercial e de uma visão de longo prazo para reposicionar o Brasil nas cadeias globais", defendendo "uma resposta estratégica e calibrada" à situação.

"O momento exige mais do que reações pontuais. É necessário um duplo movimento: de um lado, cautela e precisão na adoção de medidas emergenciais de mitigação — como o reforço dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para conter práticas desleais e desvios de comércio; de outro, uma visão estratégica capaz de reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, valorizando suas vantagens competitivas estruturais."

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Trump dobrou as tarifas de 25% estabelecidas pelo republicano em março deste ano e tem efeito direto nas exportações brasileiras, que ocupam o segundo lugar na venda de aço ao mercado norte-americano.

Em 2024, os EUA compraram US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos brasileiros do conjunto de “Aço e Ferro”, respondendo por 14,9% das importações norte-americanas do produto.

"Os dados evidenciam que a demanda por esse insumo não será suprida internamente de forma imediata, tornando a imposição de tarifas adicionais prejudicial, tanto para exportadores brasileiros quanto para setores industriais norte-americanos", explicou o Instituto Aço Brasil.

A exportação de alumínio aos EUA é menos significativa, representando 1% das importações dos EUA ou US$ 272 milhões em 2024. A Abal ressalta, por outro lado, que os EUA acabaram absorvendo 16,8% das exportações brasileiras do metal.

"Estima-se que até 90% do alumínio primário produzido nos EUA tenha o DNA brasileiro — uma complementaridade produtiva que deveria ser considerada em qualquer análise de impacto ou negociação bilateral", pontua a entidade.

A Abal vê o movimento como parte de uma nova realidade global marcada "por disputas comerciais, reconfigurações geopolíticas e desafios sistêmicos para a indústria de base em todo o mundo", e alerta para "riscos adicionais às cadeias produtivas".

Com essas tensões no horizonte, o Instituto Aço Brasil ressalta a necessidade da atuação do governo brasileiro, por intermédio dos Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), para que o acordo bilateral estabelecido em 2018 — durante a ofensiva comercial deflagrada por Trump em seu primeiro governo — seja reestabelecido.

Essa medida institui a exportação de aço brasileiro aos EUA dentro de cotas, sem a aplicação de tarifas adicionais.

Ambas as entidades reafirmaram a importância do diálogo e que buscarão manter contato tanto com as autoridades brasileiras como internacionais para chegar-se a melhor conclusão possível.

"A entidade mantém diálogo com o governo brasileiro e autoridades internacionais para assegurar condições justas de competição e garantir o devido reconhecimento do papel estratégico do alumínio nacional na economia de baixo carbono", pontua a Abal.

"Seguimos confiantes de que, por meio do diálogo e da cooperação entre os governos, será possível encontrar soluções que fortaleçam as relações e beneficiem as cadeias produtivas dos dois países", conclui o Aço Brasil.

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