O ex-BC atribui a origem da crise às decisões tomadas no ano ado, especialmente ao pacote fiscal que não seguiu as propostas da Fazenda e do Planejamento para conter o crescimento dos gastos obrigatórios dentro dos limites do arcabouço fiscal.
"Você inicia uma dinâmica onde o crescimento desses gastos obrigatórios supera o crescimento da receita", explicou.
O economista destacou que, para fazer a conta fechar, o governo teve que recorrer a medidas como bloqueio de gastos e contingenciamento.
Quando essas medidas não foram suficientes, optou-se pelo aumento do IOF, uma decisão que Volpon critica: "Apesar de ser realmente o pior imposto possível para você fazer esse tipo de ajuste, porque ele não é um imposto feito para arrecadar, e sim para regular".
Quanto às iniciativas do Congresso Nacional para influenciar o debate, Volpon se mostra cético. Ele acredita que as soluções propostas serão apenas "remendos" temporários, como a busca por receitas atípicas ou leilões, sem resolver a questão fundamental da política fiscal.
"A gente está repetindo a mesma dinâmica, parece ser realmente a maneira petista de tocar a política fiscal. Você vai arremendando, você vai fazendo uma coisa aqui, uma coisa lá para tentar supostamente cumprir a regra do momento", afirmou Volpon.
O ex-diretor do BC também fez uma comparação com o primeiro governo Dilma Rousseff, alertando para os riscos de adiar um ajuste fiscal consistente. Ele prevê que, independentemente de quem vencer as eleições em 2026, haverá grandes desafios para implementar as medidas necessárias.
Volpon ressaltou que o Brasil está perdendo oportunidades importantes no cenário econômico global. Com investidores internacionais buscando alternativas aos Estados Unidos, o país poderia se beneficiar se endereçasse a questão fiscal de maneira crível.
"Se o Brasil realmente se colocasse como uma dessas alternativas, mas para isso teria que realmente endereçar essa questão fiscal de uma maneira crível, o que ajudaria também o Banco Central a traçar um processo também crível de queda de juros", explicou.
O economista concluiu afirmando que uma política fiscal mais sólida poderia atrair investimentos tanto para o setor de renda fixa quanto para a bolsa de valores brasileira, que atualmente é "uma das bolsas mais baratas do mundo" devido ao risco fiscal.
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