Em entrevista à CNN, ela afirmou que a expectativa do mercado é de uma alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros norte-americana, com uma "aposta marginal" em uma elevação maior, de 1 p.p.
Para ela, "mais importante que é a alta é verificar como vai ser o comunicado dessa reunião, que traz pistas de até onde pode ver essa taxa de juros indo, e verificar a coletiva do presidente do Federal Reserve depois desse comunicado".
Ela explica que o presidente, da autarquia, Jerome Powell, deve dar mais nuances ao falar com imprensa. Ele pode indicar, por exemplo, se está mais preocupado com a inflação ou se achar que o desenho traçado no comunicado será suficiente para levar a inflação, atualmente no maior nível em 40 anos, para baixo.
Zara avalia que, caso os juros iniciem 2023 entre 4% e 4,5%, seria possível que os Estados Unidos evitassem uma recessão, no chamado "pouso suave". Mas, se a taxa terminar o ano em um valor ainda maior, entre 6% e 6,5%, "aí sim vai estar caminhando para um quadro recessivo, com todas as repercussões negativas que teria para países emergentes, incluindo o Brasil".
No caso do Brasil, ela lembra que o Banco Central iniciou o ciclo de alta de juros antes, até devido aos problemas de energia que o país enfrentou antes do resto do mundo. Por isso, o Comitê de Política Monetária (Copom), está agora no fim do ciclo de alta.
A expectativa dela é de uma manutenção da taxa Selic no patamar atual, de 13,75%, com chance menor de uma última alta de 0,25 p.p.
"O que importa é a comunicação do Banco Central, que vai falar que encerrou o ciclo independente de ter nova alta ou não, mas vai continuar muito vigilante, e isso significa que vai manter a taxa de juros nesse patamar por um período prolongado para garantir a convergência da inflação para meta", diz.
A economista destaca que, mesmo com as deflações recentes, a inflação acumulada em 12 meses segue "muito elevada", em especial ao observar itens menos voláteis, o que indica que a inflação ainda está "bastante arraigada".
"O BC precisa manter a taxa elevada por mais tempo para garantir que vai ter convergência da inflação em 2023 e 2024, e isso vai trazer uma desaceleração na economia, então muito provavelmente a gente vai crescer menos que em 2022, o que também vai ocorrer no resto do mundo", destaca.
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