"Alimento é clima. Se tiver, como tivemos o ano ado, uma seca brutal e um calor enorme, é óbvio que vai cair a safra com a seca. E não adianta eu aumentar os juros que não vai fazer chover. Por isso eles [o Federal Reserve] excluem. Da mesma forma, energia, combustível. Não adianta eu aumentar os juros que não vai baixar o preço do petróleo. Isso é guerra, é geopolítica", afirmou.

Leia Mais

Durante um almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Alckmin voltou a dizer que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos calcula a chamada inflação “core” (núcleo) — uma métrica que exclui itens voláteis como alimentos e energia para orientar suas decisões de política monetária. Mas reforçou que o assunto não deve ser debatido agora, mas no futuro.

A fórmula utilizada nos EUA busca refletir melhor as pressões inflacionárias estruturais da economia, sem os ruídos causados por fatores climáticos ou geopolíticos.

Já no Brasil, o Banco Central utiliza como referência o IPCA, índice medido pelo IBGE, que considera uma cesta ampla de bens e serviços consumidos pelas famílias, incluindo itens voláteis como alimentos e energia, justamente por refletir o impacto direto desses preços no custo de vida da população.

“O Fed exclui, na cesta que ele analisa a inflação, alimento e combustível, energia. [...] Acho que o Banco Central deveria aprimorar. Não é discussão para esse momento. Mas no futuro, nós precisamos aprimorar”, disse Alckmin na reunião.

O vice-presidente também chamou atenção para os impactos da Selic elevada na atividade econômica e nas contas públicas.

“A Selic alta tem um impacto brutal no custo de capital, na competitividade. Quem pega dinheiro fica com dificuldade. E ela tem um efeito gigantesco na dívida, que é o principal problema, que é fiscal. Cada 1% disso ali são R$ 48 bilhões no custo da rolagem da dívida”, afirmou.

Por fim, reforçou que não está propondo uma mudança imediata, mas defende um debate técnico mais adiante.

“Quero deixar claro: não é para esse momento. Mas devemos no futuro discutir a maneira como a gente calcula para não ter que ter uma taxa tão alta. E do mesmo jeito que sobe, depois tem que baixar rápido. Esse é o segredo, para você rapidamente procurar reduzir a questão dos juros”, frisou.

Acompanhe Economia nas Redes Sociais
Tópicos
CNN Brasil MoneyAlimentosEnergiaGeraldo AlckminSelic