"Em dez anos, a Eve pode ter o tamanho da Embraer hoje", afirmou o presidente da fabricante aeronáutica brasileira, Francisco Gomes Neto, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

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Ontem, enquanto executivos e investidores participavam de evento de listagem das ações em Wall Street — com direito a um simulador do eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) —, as ações da startup estreavam com queda.

No fim do dia, os papéis caíram 23,5%, cotados a US$ 8,66.

Tendência

O mau começo na Bolsa, na verdade, segue um movimento que se observa já há alguns meses no segmento. Todas as empresas que desenvolvem eVTOLs e abriram o capital registram desvalorização de seus papéis no mercado financeiro.

Sem contar a Eve, o recuo, em média, é de 57,5%.

De acordo com o presidente da Embraer, a associação com a companhia de propósito específico (Spac, na sigla em inglês) Zanite ajudará a acelerar o negócio da Eve.

Foi essa fusão, aprovada na semana ada, que possibilitou a listagem da Eve em Nova York.

No entanto, o mercado também tem mostrado desconfiança em relação às Spacs. De um total de 199 negócios que se fundiram a empresas de propósito específico para chegar à Bolsa americana, apenas 11% acumulam alta desde a estreia, segundo estudo da Renaissance Capital.

Na média, a desvalorização é de 43%.

A Eve só deve entrar em serviço em 2026. A princípio, o eVTOL comportará quatro pessoas, além do piloto. No futuro, porém, a Eve mira um carro voador autônomo, segundo o presidente da Embraer. Mas tal o deve ser dado apenas depois de 2030, de acordo com o executivo.

Desafios

A forte baixa tem por trás também a perspectiva de longo prazo do negócio. Empresas de eVTOL têm o desafio de viabilizar seus produtos e implementá-los no mercado.

Precisam desenvolver as tecnologias necessárias e também conseguir a certificação dos órgãos reguladores, além de criar a infraestrutura dos locais onde as aeronaves vão pousar, decolar e ser recarregadas.

Sobre a certificação, Gomes afirmou que a empresa já está trabalhando com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no Brasil, e com as autoridades nos EUA e na Europa.

A companhia já tem em mãos 1,8 mil cartas de intenção que somam US$ 5,4 bilhões em pedidos, feitos por 17 clientes de diversas regiões do mundo — entre eles, estão operadores de aviação e empresas de leasing.

A Eve possui hoje capital de US$ 380 milhões, recursos considerados suficientes para a empresa se manter até a certificação dos "carros voadores", o que está previsto para ocorrer em 2025.

Ou seja, estão descartadas, ao menos por ora, novas rodadas de investimento.

Colaborou Altamiro Silva Júnior. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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