Planalto quer concentrar saída para IOF em Haddad e Gleisi
Aliados entendem que presidente não deve puxar crise para si
Integrantes do Palácio do Planalto acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ficar de fora da crise entre Executivo e Legislativo sobre o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF).
Ao menos, por enquanto, a defesa de auxiliares de Lula é para que ele deixe a solução para a crise nas mãos dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
A avaliação é de que, ao tomar a frente do debate, o presidente pode esvaziar o poder de negociação desses ministros. Esse receio se dá porque, desde o início do ano, Lula tem preferido concentrar contato junto à cúpula do Legislativo, em conversas reservadas e convites à viagens internacionais.
A escolha, porém, provoca um custo político aos ministros que deveriam negociar agenda do governo com o Congresso e tem gerado insatisfação de líderes da base, que se sentem alijados do processo de tomada de decisão junto ao governo.
Como mostrou a CNN, ainda que preocupado com a nova crise, Lula deu respaldo a Haddad para tomar a decisão final de manter ou recuar sobre o aumento do IOF, por entender se tratar de um debate técnico, à equipe econômica.
Em meio a nova crise, o presidente fez um gesto público ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), neste domingo (1º), ao dizer que o considera uma “novidade na política brasileira” e que a eleição de Hugo é “a demonstração de que, dentre tantas coisas ruins, começam a acontecer coisas boas”.
Apesar do afago em Hugo, líderes no Congresso Nacional não enxergam um bom horizonte ao governo ao se referirem ao IOF. Se Haddad não apresentar uma alternativa a contento da maioria, na próxima semana, a Câmara deverá pautar o projeto de decreto legislativo que derruba a medida de Lula, o que seria considerado, segundo parlamentares da base, não apenas uma derrota, mas um vexame ao presidente.