Sob reserva, auxiliares do presidente creditam a má fase do governo à sensação de que o crescimento econômico não é sustentável, apesar de bons resultados como a alta do PIB e o crescimento do emprego formal.
A oportunidade, segundo ministros, está posta: a crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Apesar de resistências, no entorno do presidente, a avaliação da base é de que Lula deve ser mais enfático ao defender o conjunto de medidas estruturantes a ser anunciado pelo ministro da Fazenda como opção ao aumento do IOF.
Na terça-feira (3), Lula negou que o governo tenha cometido “erro” ao anunciar, na última semana, um pacote de mudanças no IOF a fim de elevar a arrecadação à revelia do Congresso Nacional.
Como mostrou a CNN, desde o ultimato da Câmara dos Deputados, que deu prazo de dez dias para o governo rever o decreto, Lula tem participado de reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a cúpula do Legislativo em busca de uma saída.
Para aliados, Lula deveria apoiar de maneira clara a equipe econômica, o que ajudaria a estabilizar as expectativas do mercado sobre a economia e sinalizar melhor o discurso com ações que am por uma avaliação sobre a revisão de gastos tributários, a correção sobre o volume de investimento em saúde e educação e a revisão de programas sociais, a exemplo do BPC, para corrigir distorções. Essas medidas podem constar no novo pacote da Fazenda.
Outro ponto de dificuldade, já bastante criticado internamente, diz respeito à falta de uma marca para a gestão de Lula, que não conseguiu construir uma marca até agora. Nesses primeiros anos de governo, o Palácio do Planalto apostou na reedição de medidas que já existiam em gestões petistas, a exemplo do PAC, relançado para ser a vitrine do governo, mas que não decolou.
A crise do INSS é vista como um ponto de menor preocupação, apesar de 31% da população creditar o problema ao governo Lula. Isso porque, na avaliação de ministros, o PT já lidou com crises maiores no ado, a exemplo do petrolão e do mensalão e, neste caso, avaliam que a resposta tem sido dada com o ressarcimento das vítimas e a busca pela penalização dos responsáveis. Por outro lado, o que ainda não está precificado é o impacto que terá no governo uma MI no Congresso às vésperas de uma eleição presidencial.
No Planalto, a relação política do governo com o Congresso é vista como um ponto positivo, especialmente, após declarações dos presidentes do Senado e da Câmara sobre unidade dos poderes para solucionar a crise do IOF.
Após reagirem negativamente ao decreto, na terça, Motta e Alcolumbre defenderam o diálogo entre os poderes por uma saída conjunta.
A posição do Congresso, agora, é creditada à articulação promovida pelo presidente Lula, que tem optado por uma relação direta com o chefes do Legislativo.