Na teoria, essa abordagem seria ideal. Mas, na prática, sabemos que os desafios são grandes. Quando o arcabouço fiscal foi elaborado, o respeito ao teto salarial já fazia parte dele. Só que esse teto, na realidade, não existe. Já que "penduricalhos" são adicionados, driblando o limite que deveria existir.
É preciso reconhecer que as altas esferas dos três poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — são frequentemente beneficiadas por auxílios que acabam sendo incorporados aos salários. Isso cria uma disparidade enorme em relação ao trabalhador comum. Enquanto qualquer cidadão precisa arcar com seu plano de saúde, sua moradia, suas viagens, muitos servidores de alto escalão contam com tudo isso pago pelo Estado.
Quando uma pessoa entra nessa casta do funcionalismo público, é como se ela não precisasse gastar com nada. Pelo contrário: para tudo o que ela faz, é o Estado que paga. É o Estado que tem que remunerá-la.
A proposta feita por Haddad é enfrentar essas distorções, começando pela redução dos supersalários. E isso é como um primeiro o rumo a uma reforma istrativa mais ampla.
Mas, claro que não será fácil. A complexidade do sistema e os interesses envolvidos tornam a implementação dessas mudanças um verdadeiro desafio.
Porém, a discussão sobre a reforma istrativa e a redução de privilégios no funcionalismo público precisa seguir no centro do debate.
Isso tem implicações diretas tanto para o orçamento quanto para a percepção de justiça e equidade no serviço público brasileiro.