Pedro Venceslau
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Pedro Venceslau

Pós-graduado em política e relações internacionais, foi colunista de política do jornal Brasil Econômico, repórter de política do Estadão e comentarista da Rádio Eldorado

Governo federal dá aval a demolições na Favela do Moinho

Secretaria de Patrimônio da União enviou ofício ao governo paulista no qual diz não ver “óbice” a remoção de construções de famílias que aceitaram deixar a área

Moradores do Moinho fizeram um protesto contra a demolição de casas  • Laryssa Fraga/Enquadrar/Estadão Conteúdo
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A Secretaria de Patrimônio da União (SPU) enviou nesta terça-feira (13), ao governo de São Paulo, um ofício no qual diz não ver “óbice” para a “descaracterização” das moradias das famílias que optaram “voluntariamente” por deixar a Favela do Moinho, no centro da capital paulista. A área é a última da região a ter ocupações do tipo e é considerada território sob influência de traficantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Habitação e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) ofereceram alternativas às famílias, como aluguel social ou unidades já construídas em outras áreas.

Na tarde de segunda-feira, moradores do Moinho fizeram um protesto contra a demolição de casas e bloquearam trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (TM).

Até o envio desse ofício, obtido pela CNN, a secretaria da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) ainda esperava uma manifestação oficial do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que o terreno ocupado pela comunidade pertence à União.

No ofício, a SPU recomenda que a “descaracterização” das moradias seja feita de forma “cuidadosa”, para evitar o impacto na estrutura das casas vizinhas e “minimizar” a interferência nas atividades cotidianas da comunidade.

O documento é assinado por Celso Santos Carvalho, Superintendente do Patrimônio da União em São Paulo e endereçado ao secretário Marcelo Branco, de Desenvolvimento Urbano.

Questionado sobre a manifestação de ontem, o secretário afirmou que apenas 15 pessoas participaram do ato e que 700 famílias já aceitaram deixar o local.

Ainda segundo Branco, um funcionário da CDHU teria sido agredido na manifestação e as famílias estariam com “medo” de deixar o local por causa da ação de criminosos. “Lideranças do crime continuam articulando lá de dentro”, disse o secretário à CNN.

A CNN procurou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para checar se o caso de agressão foi registrado.