O presidente procurava um nome que pudesse demonstrar que o governo tem como prioridade a investigação no escândalo da fraude dos descontos nas aposentadorias e pensões.

De acordo com interlocutores da Presidência, Lula buscou alguém com "capacidade de resolver o problema emergencial".

O Palácio do Planalto traçou uma estratégia de demonstrar que o governo é implacável com casos de corrupção. A orientação é sempre destacar que o escândalo foi revelado pelo trabalho do próprio governo, por meio da CGU e da Polícia Federal.

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O presidente usou o pronunciamento pelo Dia do Trabalho, nesta quarta (30), para falar pela primeira vez sobre a fraude de descontos de de aposentados e pensionistas.

Lula disse que determinou que a AGU processe as associações que fizeram cobranças ilegais de beneficiários.

"Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019. Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas", disse.

Lupi fica fora da escolha

Sob pressão, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, não participou da escolha do novo chefe do INSS.

Lula avocou para ele a responsabilidade da indicação do novo chefe do INSS e isolou o ministro.

Aliados de Lupi, porém, avaliam a decisão de Lula de decidir sobre o novo presidente do INSS protege o ministro no escândalo, que está sob pressão desde a operação da Polícia Federal e da CGU na semana ada.

Lupi foi o responsável por indicar o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi demitido após a investigação. Antes, o ministro havia indicado Glauco Wamburg, que deixou a presidência do INSS ainda em 2023 sob suspeita de uso irregular de agens e diárias pagas pelo governo.

O novo presidente do INSS ocupava o cargo de corregedor da Procuradoria-Geral Federal, órgão da AGU.

Gilberto Waller Junior é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais com pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro.

Ingressou no poder público em 1998 como procurador do INSS, onde foi corregedor-geral do INSS de 2001 a 2004 e subprocurador-geral do INSS de 2007 a 2008.

Na Controladoria-Geral da União (CGU), ocupou a função de ouvidor-geral da União de março de 2016 a janeiro de 2019 e de corregedor-geral da União de 2019 a 2023.

Nesta quarta-feira (30), a oposição na Câmara protocolou pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (I) do INSS com de 185 deputados. O pedido é do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO).

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