A entidade que representa o setor deu posse nesta segunda-feira (2) a uma nova diretoria para o triênio até 2025, defendendo o setor industrial, mas sem dar detalhes sobre as propostas.

O setor tem capacidade de produzir 4,5 milhões de veículos por ano, mas está com mais de 50% deste volume ocioso desde 2020. A indústria tem sofrido uma crise de fornecimento de componentes automotivos enquanto tecnologias como eletrificação, direção autônoma e novas formas de consumo de veículos têm alterado o panorama global de investimentos.

"As novas rotas tecnológicas e a descarbonização têm gerado um grande desafio. O Brasil tem tecnologia de ponta, mas vamos continuar tendo daqui dois anos">Anfavea, Márcio de Lima Leite, em apresentação a jornalistas.

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Leite, também vice-presidente de relações institucionais do grupo Stellantis na América Latina, substituiu Luiz Carlos de Moraes, da Mercedes-Benz, afirmou que o desafio do setor "é fazer com que a cadeia de fornecedores acompanhe as novas rotas tecnológicas".

O executivo vai assumir uma ampla agenda do setor com o governo federal, que lançou em abril e um programa de renovação de frota de caminhões, além de discussões fiscais que incluem redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Essa indústria fatura R$ 330 bilhões, emprega 1,2 milhão de pessoas e é responsável por 20% do PIB industrial do país.

Segundo ele, uma comitiva formada pela nova diretoria da Anfavea e presidentes das montadoras vai ter uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na terça-feira (3) para discutir "sugestões para a retomada da industrialização" no Brasil.

"Precisamos acelerar a reforma tributária. O Brasil conseguiu fazer reformas interessantes nos últimos anos e precisamos do primeiro o da reforma tributária para que o país possa ser competitivo", disse o novo presidente da Anfavea, defendendo "senso de urgência" no assunto.

Leite afirmou que ano ado o setor deixou de produzir cerca de 350 mil veículos por falta de peças e, neste ano, a soma até o momento atinge mais de 100 mil unidades.

Perguntado sobre a expansão nas vendas de carros elétricos nos mercados desenvolvidos, Leite afirmou que a eletrificação ainda é uma tecnologia "cara para massificação no país".

"Não se pode buscar apenas a solução da eletrificação (para a redução das emissões de carbono). A solução brasileira do etanol tem que ser trabalhada com um olhar atento porque é muito interessante. Temos muito a evoluir sobre o etanol", disse o novo presidente da Anfavea.

Há soluções da indústria nacional para veículos híbridos, que possuem motores elétricos e a combustão que usam etanol. A indústria também tem discutido o eventual uso do etanol em células de combustível em veículos totalmente elétricos.

Leite afirmou que, além da defesa da tecnologia do etanol e de medidas que permitam ao parque de 98 mil fornecedores das montadoras se adaptarem aos tempos da eletrificação, a Anfavea defenderá a inspeção veicular no Brasil para tirar veículos mais antigos das ruas e incentivar a venda de modelos novos.

"O Brasil tem uma cadeia longa de fornecedores e temos que trabalhar por ela. Isso tem que ser a pauta número um em todas as nossas reuniões, disse o executivo.

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